domingo, 23 de julho de 2017

Dnit e Marinha recomendam aos condutores de embarcações atenção redobrada ao navegar no rio São Francisco

O alerta é para os trechos entre Pirapora- MG até a cidade pernambucana de Petrolina e Juazeiro, na Bahia e de Piranhas-AL até a foz do rio.



Barquinha no Rio São Francisco (Foto: Yuri Matos/G1)


O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) lançou uma portaria que traz recomendações de segurança para navegação do Rio São Francisco. O alerta é para os trechos entre Pirapora- MG até a cidade pernambucana de Petrolina e Juazeiro, na Bahia e de Piranhas-AL até a foz. A orientação é que as embarcações sejam conduzidas em baixa velocidade para evitar acidentes, até que as vazões, que foram reduzidas com a seca, sejam novamente restabelecidas.
Segundo a Marinha do Brasil, que está trabalhando junto ao DNIT para divulgar a recomendação, nos últimos dias têm ocorrido o encalhe de barcas que realizam a travessia entre Petrolina-PE e Juazeiro-BA. Também foi observado que houve o surgimento de bancos de areia nas proximidades da Ilha do Rodeadouro, também na região do Vale do São Francisco.
"Cautela redobrada, atenção redobrada e redução da velocidade. Essa portaria, ela foi criada com o intuito de aumentar a segurança dos navegadores tendo em vista a estiagem histórica que o rio vem sofrendo. Já são seis anos com chuvas abaixo da média e isso tem causado uma redução no nível do rio significativa", ressalta o capitão da Marinha, Silvio Miranda.
De acordo com o capitão, alguns pontos estão mais críticos como é o caso da Ilha do Rodeadouro. "Principalmente nas proximidades da Ilha já se observa a presença de bancos de areia, algumas pedras. E então principalmente o navegador deve ter muita cautela e reduzir a velocidade e navegar com extrema segurança", explica.
No dia 29 de maio deste ano, a vazão do lago artificial de Sobradinho, na Bahia, foi reduzida para 600 m³/s. A menor de toda a história do reservatório. Com um volume menor de água sendo liberado, o rio fica mais seco.
Além disso, a Marinha informou que o balizamento fixo e o flutuante foi implantado no rio São Francisco com a vazão média de 600m³/s, a partir da cidade de Pirapora-MG. Já para o trecho Sobradinho-BA/Juazeiro-BA/Petrolina-PE e no trecho da cidade de Piranhas-AL até a foz, não houve implantação de sinalização náutica. Desta forma, é preciso ter cautela na navegação.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Resolução da ANA reduz ainda mais a vazão do São Francisco

A vazão do rio São Francisco será reduzida imediatamente na região do Baixo, até o dia 30 de novembro. A decisão, tomada pela diretoria colegiada da Agência Nacional de Águas (ANA), está publicada na edição desta terça-feira (18 de julho) do Diário Oficial da União (DOU). De acordo com o texto oficial, deverá ser aplicada uma vazão média diária de 550 metros cúbicos por segundo (m³/s) e instantânea, de até 523 m³/s. A medida determina que a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), responsável pela regulação dos reservatórios de Sobradinho, na Bahia e de Xingó, entre Alagoas e Sergipe, deverá apresentar relatório com descrição dos resultados observados, num prazo máximo de dez dias.

A ANA argumenta que a medida foi tomada devido às condições hidrológicas desfavoráveis, registradas na bacia do São Francisco. A cada semana, a agência federal realiza reunião para analisar os efeitos da estiagem que atinge a bacia desde 2013. Ontem, durante a reunião, a informação era a de que a autorização para reduzir a defluência estava pendente de autorização por parte do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Na reunião, realizada em Brasília (DF) e transmitida por videoconferência para os estados da bacia, houve o relato de dificuldade na captação de água na região do Baixo São Francisco. Técnicos da Petrobras comunicaram a dificuldade devido ao alto teor de salinidade registrada na foz do chamado rio da integração nacional.


Ainda durante a reunião, os técnicos do setor elétrico explicaram que a vazão reduzida também objetiva evitar que os reservatórios de Sobradinho e Xingó cheguem ao chamado volume morto. A ANA argumenta na decisão publicada no Diário Oficial que a medida visa garantir os usos múltiplos da bacia.

sábado, 15 de julho de 2017

Captação de água no rio São Francisco está proibida às quartas-feiras

Medida visa evitar que a represa de Sobradinho chegue ao volume morto; chove abaixo da média na bacia do rio há 7 anos.


Barragem de Sobradinho, no norte da Bahia (Foto: Reprodução/ TV São Francisco)


A captação de água na bacia do Rio São Francisco está proibida às quartas-feiras, exceto para abastecimento humano ou animal. A medida, batizada de Dia do Rio, visa evitar que a represa de Sobradinho, na Bahia, chegue ao volume morto e foi anunciada pela Agência Nacional de Águas (ANA) nesta segunda-feira (19).
De acordo com a agência, chove abaixo da média na bacia do São Francisco há sete anos. Sobradinho é o maior reservatório do sistema, com volume útil de 28 bilhões de m³ e capacidade para armazenar 34 bilhões de m³ de água.
A regra vale da próxima quarta (21) até 30 de novembro de 2017, quando está previsto o fim do período seco, mas poderá ser prorrogada caso atrase o início do período de chuvas na região.
Para preservar os estoques, a ANA vem autorizando a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) a reduzir a vazão mínima média das represas de Sobradinho e Xingó desde abril de 2013. Sem essa intervenção, Sobradinho teria esgotado seu volume útil em novembro de 2014, segundo a agência.
A nova norma afeta mais de 2 mil usuários, principalmente produtores que irrigam plantações e indústrias. Ela abrange a calha do rio São Francisco, 14 afluentes de gestão federal, os lagos dos seis reservatórios da bacia e o complexo Paulo Afonso, na Bahia.
Quem descumprir a resolução da ANA poderá receber advertência, multas e ter a bomba de captação vedada.
A suspensão foi articulada com os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe e também com o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco.

A medida
Está proibida a retirada de água no Rio São Francisco às quartas-feiras para todos os usos, inclusive irrigação. Só é permitida a captação para consumo humano e animal, usos prioritários em casos de escassez, segundo previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97).
Fica suspenso também o uso para irrigação de volumes de água reservados antes do "Dia do Rio".

Sobradinho e Xingó
Desde o início de junho, a vazão média diária autorizada pela ANA nos reservatórios de Sobradinho e Xingó é da ordem de 600 m³/s, o menor patamar já praticado.
De acordo com a agência, o último ano em que foi registrada precipitação acima da média na Bacia do Rio São Francisco foi 2011, o que vem baixando os estoques de água armazenados.
No último dia 12, segundo a ANA, o volume útil do Reservatório Equivalente da Bacia do Rio São Francisco era de 8.823 m³, o que equivale a 18,58% do seu volume útil total. Na mesma data do ano passado o armazenamento era de 29,13% do volume útil.
A licença ambiental do Ibama para a operação do reservatório de Xingó fixa a vazão defluente média mensal em 1.300 m³/s. A ANA diz que a captação abaixo desse patamar, que vem sendo praticada desde 2013, já permitiu poupar mais de 38 bilhões de m³, o que equivale 134% do volume útil de Sobradinho.
As reduções de vazão foram implementadas de maneira gradual com autorizações especiais expedidas pelo Ibama e a realização de testes efetuados pela Chesf, que informou não ter identificado problemas críticos com a prática de vazões reduzidas.
"Frente à tendência de agravamento no segundo semestre da mais severa seca que se tem registro na bacia do rio São Francisco, de cenários que apontam para o esgotamento do volume útil do reservatório de Sobradinho e das incertezas quanto ao próximo período chuvoso, é necessário adotar medidas adicionais ainda mais restritivas na gestão da oferta e da demanda de água para fazer frente à crise instalada", argumenta a ANA em nota.

Bacia do São Francisco
A bacia do rio São Francisco possui mais de 2.800 km em seis estados (Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Goiás), além do Distrito Federal.
A área da bacia hidrográfica é de 641 mil Km2, correspondente a 8% da área do País. Mais de 85% da água da bacia é usada para irrigação, 10% para abastecimento público e menos de 5% para outros fins, como mineração e indústria.

Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/captacao-de-agua-no-rio-sao-francisco-esta-proibida-as-quartas-feiras.ghtml

Com seca, escultura de 12 metros de altura que ficava sob a água aparece em banco de areia no Rio São Francisco

Estrutura é situada em Juazeiro, norte do estado.


A baixa do Rio São Francisco, causada por uma das piores estiagens dos últimos 100 anos, em Juazeiro, norte da Bahia, fez a escultura "Nego D’Água" aparecer na superfície da areia, quando antes ficava sob a água. A estrutura tem 12 metros de altura.
"Nunca imaginei que eu viria andando para o Nego D'água, porque a gente vinha de barco. Com essa seca toda aí, isso dói no coração e na alma”, lamenta o pescador Erenildo de Souza.
A seca mudou a paisagem das ilhas da região, com muitos bancos de areia e pedras que surgiram no rodeadouro nos últimos anos. O pescador afirma ainda que a falta de vazão reduziu a diversidade de peixes no Velho Chico.
"Geralmente a gente pegava quatro espécies de peixe. Agora a gente só pega o 'pacu'. Então, o 'curimatá', o 'piau cascadura' e o 'piau cabeçudo' a gente não pega mais", conta Erenildo.

A seca no rio tem mudado também a rotina de quem costuma pegar as barcas que fazem travessia entre Juazeiro e Petrolina. Nas últimas semanas, os passageiros precisam esperar, porque as embarcações estão com dificuldade para navegar. A profundidade no trecho de navegação, que chega a mais de 10 metros em tempos de cheia, reduziu para pouco mais de 5 metros.
“Com a baixa vazão do rio, ficou só o canal de entrar e sair. Semana passada, uma embarcação encalhou e eu tive que transferir os passageiros para outra embarcação”, relata o comandante Gilberto Avelino de Souza Filho.
Com a falta de chuva na nascente do Rio São Francisco, em Minas Gerais, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Ibama autorizaram a redução da vazão da saída de água da barragem de Sobradinho para 600 metros cúbicos por segundo, a menor registrada desde o início de operação da usina, em 1979. O volume de água do reservatório atualmente é de pouco mais de 11%.
A degradação e o uso desordenado da água são outros fatores que contribuem para a baixa do rio. "O que a gente tem é um rio minguante e que muita gente atribui à seca do momento. A seca do momento influencia, mas se nós tivéssemos aquíferos com água, a gente não estaria na situação que a gente está hoje. Se a gente continuar desmatando e impactando o cerrado, a gente vai perder os volumes de água do São Francisco e os especialistas nos dizem que, nesse sentido, o São Francisco vai morrer junto com o cerrado”, avalia o membro de Pastoral da Terra, Roberto Malvezzi.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

O Nego D’Água não está mais na água e revela a situação crítica do Rio São Francisco




Uma das principais atrações turísticas de Juazeiro, a escultura Nego D´Água, do artista plástico Ledo Ivo, localizada no tradicional bairro Angari, expõe a fragilidade que o Rio São Francisco vem sofrendo. Com 12 m de altura, a obra de arte, até pouco tempo ficava em parte submersa pelas águas. Em visita ao local, a reportagem constatou que em volta da escultura está tudo seco. A base do Nego D’Água está visível, e onde havia muita água, agora é possível caminhar livremente.

No último dia 4, o Preto no Branco mostrou a situação de uma embarcação que ficou encalhada próximo à margem de Petrolina e os passageiros precisaram ser transferidos em barcas menores.
Sem uma política séria de revitalização, com contenção do desmatamento de matas ciliares, uso racional da água por parte da agricultura irrigada, tratamento do esgoto e intervenção dos poderes, desde o municipal até o federal, é possível que em um futuro não muito distante até a escultura da Mãe D´Água fique também exposta e sem o rio para lhes banhar.
Alguns moradores do bairro Angari, que conversaram com nossa reportagem, se mostraram chocados com a situação do cartão postal de Juazeiro. “Esse é o retrato fiel da situação do nosso Velho Chico. De pouquinho em pouquinho, o rio está secando e olha aí a prova disso. O Nego D’ Água não está mais na água”, lamentou um morador.
Personagem lendário do Velho Chico, o Nego D’ Água que assustava as lavadeiras do Angari, assusta agora toda população ribeirinha e, do alto da sua intimidade com o rio, chama atenção para o sofrimento deste manancial, fonte de vida para o sertão nordestino.