terça-feira, 30 de outubro de 2018

Rio São Francisco: Apesar da crise hídrica, cheias ocasionadas por ocupações irregulares em APPs preocupam

Agentes ambientais e reguladores que atuam na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco em Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe estão preocupados com os possíveis impactos das cheias da bacia, ocasionadas principalmente por ocupações irregulares em áreas de proteção permanente (APP) e também pelas condições de assoreamento e degradação do rio. Depois de duas reuniões públicas no Nordeste, foi a vez de Minas debater a questão.
Para isso, o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) realizou, em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Defesa Civil Nacional e de Minas Gerais, Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), municípios do Alto São Francisco e a Prefeitura de Pirapora, uma reunião pública na quarta-feira (24), em Pirapora.
Paradoxalmente, eles discutiram formas de prevenção na questão das cheias em plena crise hídrica na região. Pirapora está com o abastecimento de água para consumo humano afetado pela seca, sendo necessário o uso de caminhões-pipa. “A cidade enfrenta uma severa crise de abastecimento devido à falta de chuvas e, consequentemente, à baixa vazão na represa de Três Marias”, observou o diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) em Pirapora, Esmeraldo Pereira dos Santos.
“O momento é propício para se falar em prevenção, em plena crise hídrica na região, intensificada a partir de 2013, inclusive com o desabastecimento humano. Nesse cenário, expandiram-se as construções e ocupações nas margens do rio, situação que é muito preocupante. Precisamos respeitar as margens do rio, porque depois que o desastre acontece, não adianta colocar a culpa no rio e, as consequências são mais graves e, muitas vezes irremediáveis”, pontuou a coordenadora da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, Silvia Freedman.
Segundo Vilma Martins Veloso, moradora da comunidade de Barra Guaicuí, e membro do CBHSF, “as ocupações na calha do rio são muitas, basta percorrer por aqui. Rezamos pelas chuvas, mas como estamos acostumadas com a seca, achamos que o rio nunca vai encher e adentramos no rio. Se vier uma chuva forte podemos perder nossas economias e até nossas vidas”, comentou.
O engenheiro de Planejamento Hidroenergético da Cemig, Renato Júnior, alertou que os danos podem ser grandes, já que as ocupações irregulares na região estão crescendo. Já a prefeita de Pirapora, Marcela Machado Ribas Fonseca, reforçou a necessidade de intensificação dos esforços do poder público local na prevenção de possíveis desastres na região.
A ribeirinha Maria Creuza Alcântara, da comunidade de Baia do Boi, disse estar atenta aos ensinamentos e mais preparada aos primeiros sinais de cheias do rio. “Já presenciei muitas pessoas próximas perderem suas produções por causa de enchentes”, afirmou.

Termos de cooperação

Durante a reunião, foram assinados dois termos de cooperação. O primeiro, entre o CBHSF, a Agência Peixe Vivo e o Serviço Autônomo de Água (SAAE) de Pirapora, com o objetivo de ampliar o sistema de tratamento de água no município. O segundo, com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu, para a revitalização da Bacia do Paracatu. Ambos receberão apoio financeiro oriundos da cobrança pelo uso das águas na Bacia do São Francisco, conforme edital de chamamento público 01/2018 divulgado pela Agência Peixe Vivo.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Projeto para recuperação do Rio São Francisco é realizado no Sertão de Pernambuco

Marinha do Brasil e AMMA adotaram medidas para melhorar a qualidade da água e as condições de navegação.


O Rio São Francisco tem sofrido com a seca no Sertão de Pernambuco. Em alguns pontos, a profundidade não passa dos 50 centímetros. O problema tem gerado impactos como a dificuldade para navegação e diminuição na quantidade de peixes.
"A navegação está muito crítica que para navegar hoje com esse rio seco, até pedra dentro do canal já tem. Nasce mato no meio do canal, quase não tá dando pra navegar. Os peixes, muito ruim porque só tem areia no meio do rio. O peixe que é para subir para cá para desovar não desova, porque vão comer o que? Só areia no meio do rio", lamenta o pescador Florisvaldo Feitoza.
De acordo com o Engenheiro de Pesca, Daniel Amaral, os peixes têm morrido porque não há mais oxigênio suficiente na água baixa do rio. "Ambientes onde existem uma grande quantidade de material orgânico são ambientes favoráveis para ao desenvolvimento de algas. Essa algas vão competir diretamente com os peixes por oxigênio e o ambiente vai se tornar impróprio para a ocorrência desses animais".
Para mudar esta situação, a Marinha do Brasil e a Agência Municipal do Meio Ambiente de Petrolina (AMMA) realizam uma força tarefa para recuperar o rio mais importante do Nordeste. A equipe de pesquisadores coleta amostras do rio todos os meses para analisar a qualidade da água, as condições de navegação e quais pontos estão propícios para o banho. Além disso, ações de revitalização são realizadas para tentar restabelecer o equilíbrio ecológico. Os trabalhos têm um investimento de 1 milhão de reais e são desenvolvidos em um trecho de 4 km, entre os municípios de Petrolina, em Pernambuco e Juazeiro, na Bahia.
"A gente tem mapeado os pontos onde tem surgido novos perigos para navegação, surgimento de bancos de areia, bancos de cascalho e demandam sempre do navegador e do condutor das embarcações uma atenção ainda maior e cuidados redobrados para operar com sua embarcação", explicou o Agente Fluvial da Marinha, Silvio Miranda.
Enquanto a Marinha realiza levantamento do rio para evitar acidentes com embarcações, técnicos ambientais retiram algas e de outras matérias orgânicas do rio para aumentar o nível de oxigênio no São Francisco. O material retirado da água é processsado e vira fertilizante natural, para recuperar a vegetação das margens. "A gente utilizou para fazer composto orgânico que hoje está fertilizando tanto a arborização urbana, quanto a mata ciliar do próprio trecho. O nosso intuito maior é devolver esse equilíbrio ecológico", comemora o Gestor Ambiental e Diretor de Projetos Ambientais da AMMA, Victor Flores.
O trabalho da equipe já apresenta resultados. As amostras mais recentes mostram que com menos material orgânico, a oxigenação e a qualidade da água melhoraram. "Já é possível ser utilizada sem tanto perigo, tanto para o banho, quanto para beber, quanto para os animais. Mas a gente sabe que o trabalho precisa continuar. É uma coisa muito mais longa, mas que já houve uma melhora considerável", avaliou a Perita Ambiental, Clecia Pacheco.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Voluntários retiram cerca de 200kg de lixo da margem do rio São Francisco


A ação foi realizada na Ilha do Fogo, que fica entre as cidades de Petrolina, PE, e Juazeiro, BA.

A ação foi realizada na Ilha do Fogo, entre Petrolina, PE, e Juazeiro, BA — Foto: Reprodução / TV Grande Rio


O Rio São Francisco completa 517 anos de descobrimento nesta quinta-feira (4). Para celebrar a data, voluntários de instituições sociais, escolas públicas, IF Sertão-PE, Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) e da Escola Verde participaram de uma ação de limpeza na Ilha do Fogo, que fica entre as cidades de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, e Juazeiro, no Norte da Bahia. 

Os voluntários conseguiram retirar cerca de 200kg de lixo da margem do Velho Chico. Foram recolhidos metais, plásticos, vidros e outros objetos que ajudam na degradação do rio São Francisco.

“É muito necessário, muito importante, não pela retira em si, que é simbólica, mas pela sensibilização que a gente promove junto a sociedade”, destaca o coordenador geral da ONG Escola Verde, Paulo Ramos.