domingo, 9 de julho de 2023

Conheça o São Francisco, rio da integração nacional

O rio São Francisco nasce em Minas Gerais, a 1200 metros de altitude, na Serra da Canastra. Sua nascente geográfica está localizada em Medeiros, no Centro-Oeste do Estado, e sua nascente histórica, em São Roque de Minas. São várias  nascentes que formam a cabeceira do rio São Francisco na Serra da Canastra.

Do alto das montanhas mineiras, suas águas descem e percorrem 2.883 km por Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, até desaguar no Oceano Atlântico, em sua foz entre os Municípios de Brejo Grande (SE) e Piaçabuçu (AL). Ao todo, a área hidrográfica da bacia do rio São Francisco é de 641.000 km², além de 168 afluentes diretos, sendo 90 em sua margem esquerda e 78 na margem direita.

Vapor Benjamim Guimarães leva turistas a conhecer um pouco do histórico Rio São Francisco (Divulgação)


As Regiões que formam o rio São Francisco

Os 2.883 km de extensão do rio São Francisco estão divididos em 4 regiões: Região do Alto São Francisco com 702 km de extensão, entre a nascente e a cidade de Pirapora MG; Região do Médio São Francisco com 1230 km de extensão. Essa é a parte navegável do rio São Francisco, que vai de Pirapora até Remanso na Bahia. Região do Submédio São Francisco com 440 km de extensão de Remanso na Bahia até Paulo Afonso, também na Bahia e a Região do Baixo São Francisco por 214 km de extensão de Paulo Afonso até sua foz entre Alagoas e Sergipe.

Conhecido como Velho Chico e também chamado de Nilo Brasileiro em alusão ao rio Nilo, histórico rio que nasce no Nordeste da África, entre Ruanda e Etiópia, percorrendo vários países, desde a antiguidade, como o Egito, até desaguar no Mar Mediterrâneo. Suas águas irrigam e fertilizam terras em suas margens.

O rio São Francisco é o canal que leva água do rio para o Projeto Jaíba, o maior projeto de irrigação da América do Sul, abrangendo mais de 100 mil hectares de irrigação, tornando as terras férteis, produzindo frutas e hortaliças para todo o Brasil.

O mesmo papel que o Nilo tem, o rio São Francisco exerce no Brasil, devido a suas águas irrigarem e fertilizarem as terras em suas margens, principalmente durante as cheias, por isso a comparação.

O rio da Integração Nacional é um dos mais importantes rios da América do Sul
e um dos mais importantes do Brasil. Segundo o IBGE, o rio São Francisco perpassa por 507 municípios, atravessando Minas Gerais do Centro-Oeste ao extremo Norte de Minas, entrando na Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O Velho Chico integra o Sudeste ao Nordeste. Boa parte dessas cidades banhadas pelo rio São Francisco surgiram a partir de 1675, durante a descoberta de ouro em suas margens e nas de seus afluentes. A partir da descoberta do ouro, o rio passou a ser mais usado para transporte das mercadorias e do metal extraído em suas margens, bem como em seus principais afluentes, o rio das Velhas.

A movimentação era intensa nesse período vindo a reduzir drasticamente no início do século XIX, com a decadência da extração mineral em Minas Gerais, que reduziu o crescimento dos povoados e cidades, mas fez surgiu novas atividades como o comércio fluvial, a agricultura de subsistência e o turismo.

A importância do Rio São Francisco

Ao longo de todo o seu trecho, o rio São Francisco sustenta boa parte da economia das cidades banhadas por suas águas, principalmente na região do semiárido mineiro e Nordeste, regiões com poucas chuvas, sendo o rio São Francisco, um rio de grande valor econômico, além de ser a base da identidade social, gastronômica, cultural e folclórica dessas regiões, principalmente.

Dezenas de milhares de famílias ribeirinhas vivem da pesca e das águas do Velho Chico que irrigam plantações de uvas de mesa para consumo e produção de vinhos, cultivo de frutas tropicais, hortaliças e legumes. Além disso, cidades à beira do rio São Francisco têm forte vocação para o turismo, já que suas margens formam belíssimas praias fluviais, gerando emprego e renda.

Durante décadas, Pirapora, no Norte de Minas, esteve ligada à cidade baiana de Juazeiro pelas águas do rio São Francisco, com o famoso e histórico barco a Vapor Benjamim Guimarães, que levava mercadorias, além de fazer o transporte de passageiros. Ainda em funcionamento, mas em reformas, o velho Benjamim Guimarães retornará a navegar nas águas do rio São Francisco, mas apenas com passeios turísticos e ainda por curta distância.

O barco, bem como o rio São Francisco, são símbolos de Minas Gerais.

Fonte: https://www.hojeemdia.com.br/turismo/conheca-o-s-o-francisco-rio-da-integrac-o-nacional-1.958841

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Comportas do reservatório de Três Marias, no Rio São Francisco, serão abertas a partir da segunda (09), diz Cemig

 

Cemig explicou que foi observado um aumento no volume de água na bacia do Rio São Francisco em decorrência das chuvas dos últimos dias. A companhia esclareceu, também, que a abertura das comportas é uma medida de caráter preventivo e que o volume da usina ainda está em 66% da capacidade.


A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informou que iniciará a abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Três Marias a partir da segunda-feira (09).

De acordo com a Companhia, a medida foi alinhada junto ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o aumento de vazões está previsto para acontecer a partir das 8h, com o somatório de vazões vertidas (pelas comportas) e turbinadas (pelas unidades geradoras) totalizando 800 m³/s.

Por meio de nota divulgada no site, a Cemig explicou que foi observado um aumento no volume de água na bacia do Rio São Francisco em decorrência das chuvas dos últimos dias. Com isso, os afluentes do Rio São Francisco – rios Pará, Paraopeba e das Velhas - também tiveram suas vasões alteradas. Mas, afirmou que a medida tem caráter preventivo e que os municípios ribeirinhos que são cortados pelos afluentes não sofrem risco de inundação, uma vez que o reservatório está com apenas 66% de armazenamento na data da publicação da nota (07/01).

“Em Três Marias, as vazões que chegam superaram 2.000 m³/s nesta sexta-feira, com tendência de permanecerem elevadas ao longo da próxima semana. Com isso, o reservatório começou a ganhar nível de forma mais rápida, atingindo 66% de sua capacidade normal de armazenamento. Ao longo dos últimos dias a vazão liberada era de 300 m³/s”.

Desse modo, segundo a companhia, a ação pretende garantir que o aumento de vazões da UHE Três Marias se dê de forma gradual, com o menor impacto possível para o trecho a jusante da usina.

“Mesmo com a abertura de comportas, a tendência é que o reservatório continue ganhando armazenamento até o final do mês. A Cemig segue monitorando a condição de operação da unidade e novas ampliações podem ser necessárias nas próximas semanas, conforme as afluências verificadas no reservatório até o final deste mês”, disse a nota.

Afirmou, ainda, que não são esperados impactos para os municípios a jusante da UHE Três Marias no trecho até Pirapora, que recebe contribuição de vazões mais significativa apenas do afluente rio Abaeté. “Após este município, o Rio São Francisco ainda recebe contribuintes significativos ao longo de seu curso, como Rio Urucuia, Rio das Velhas e o Rio Paracatu. Tais afluentes já vem vivenciando maiores vazões, dado o evento chuvoso recente, e considerando a grande distância da usina de Três Marias até os municípios ribeirinhos após a foz do Rio das Velhas, a contribuição de vazões da usina é reduzida, sendo o maior volume do Rio São Francisco oriundo dos demais afluentes”.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Descobertos sítios arqueológicos na bacia do Rio São Francisco

Com uma das mais expressivas densidades de bens arqueológicos do país, área apresenta sítios com mais de 8 mil anos, que contam a história da ocupação do Brasil


Se no imaginário popular o sertão é visto como um local árido, empobrecido e improdutivo, a arqueologia vem revelando que há milhares de anos a região é muito mais rica, produtiva e ocupada do que os estereótipos apontam. Especialmente na bacia do Rio São Francisco, na tríplice fronteira entre Alagoas, Sergipe e Bahia, que abriga mais de 500 sítios arqueológicos, cujas origens chegam a remontar quase nove mil anos. Para se ter uma ideia da exuberância do Patrimônio Arqueológico da área, em fiscalização preventiva no sertão alagoano, uma força tarefa com diversas instituições públicas identificou três sítios arqueológicos até então desconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

Situado em Pariconha (AL), um desses sítios foi localizado pelos próprios indígenas que habitam o território, da etnia Jeriponkó. Os indígenas conduziram ao local a equipe de Comunidades Tradicionais e Patrimônio Cultural. Além do Instituto, a força-tarefa conta com a participação do Ministério Público Federal (MPF), do Ministério Público Estadual (MPE) e de outras 20 instituições. O sítio é formado por um painel de pinturas rupestres com motivos geométricos. Com bom estado de conservação, remete, provavelmente, aos primeiros moradores do sertão, que ocuparam o território e ali deixaram as marcas de seu modo de vida.  

Os outros dois sítios recentemente encontrados se localizam em Água Branca (AL). Com afloramentos rochosos em granito, expõem pinturas geométricas nas cores vermelha, amarelo e branco. Também apresentam ótimo estado de preservação. Tais bens ainda serão cadastrados como sítios arqueológicos pelo Iphan, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo. Exemplificam a relevância da região, que apesar de ser pouco estudada pela academia científica, vem se constituindo como uma das áreas com mais expressiva densidade de bens arqueológicos do país. Os milhares de fragmentos de cerâmica, pinturas rupestres e restos de materiais orgânicos pré-históricos ajudam a contar a história da ocupação do território nacional. 

Muitos dos sítios arqueológicos da bacia do rio São Francisco, carinhosamente chamado pelos brasileiros de “Velho Chico”, foram localizados durante os estudos ambientais requeridos para a construção da Usina Hidrelétrica de Xingó, a partir de 1988. Capitaneado pela Universidade Federal de Sergipe (UFSE), o Projeto Arqueológico de Xingó (PAX) desenvolveu-se por mais de 10 anos e foi financiada pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), empresa responsável pela instalação da usina.  

Comunidades e o Velho Chico: uma relação ancestral

O sítio arqueológico mais antigo já identificado na bacia do Rio São Francisco remonta há aproximadamente 8.950 anos. É o Justino, situado em Canidé, no Sergipe (SE). Outros sítios já registrados na área podem ter a mesma idade ou ser ainda mais antigos. Somente pesquisas arqueológicas podem nos dar respostas quanto à origem desses bens. A estimativa de data é viabilizada pela análise de materiais orgânicos e fragmentos de cerâmicas coletados em escavações promovidas por arqueólogos.  

Além disso, o estudo de vestígios de cerâmicas comprova que os grupos que ocuparam a área não eram apenas caçadores e coletores, mas também dominavam as técnicas de agricultura. Provavelmente, viviam de forma semissedentária: realizavam estadias mais longas em locais onde os recursos naturais eram abundantes, como pode ser o caso da área no entorno do Velho Chico. “De acordo com os estudos realizados até o momento, a região foi habitava por grupos distintos e o rio certamente foi um elo de grande significado para esses povos”, explica a arqueóloga do Iphan-AL Rute Barbosa.  

Um dos fatores que explica a pluralidade de sítios no local é o clima semiárido. A escassez de umidade e de precipitação favorece a preservação dos achados. Soma-se a isso o cuidado de não danificar os sítios arqueológicos, perpetuado pelas diversas gerações que se sucederam no território .  

A multiplicidade de sítios arqueológicos nos mostra que, desde a pré-história, o território conhecido hoje como sertão nordestino é continuamente povoado, seja às margens do Velho Chico ou nas zonas mais afastadasO sertão é, antes de tudo, um lar. 

A comunidade se apropria do Patrimônio Arqueológico 

O nome do Assentamento Nova Esperança, em Olho D’água do Casado (AL), ecoa o movimento da comunidade local para valorizar o Patrimônio Arqueológico e reinventar a sua relação com o território. Projeto de arqueologia colaborativa, as ações são construídas com a participação ativa da comunidade na gestão dos 48 sítios arqueológicos cadastrados na região. Conservar painéis rupestres, promover ações de educação patrimonial e gerar renda a partir da gestão sustentável dos sítios são apenas algumas das ações promovidas pelos moradores em parceria com o Iphan-AL. 

Há 20 anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) criou o assentamento, com famílias que viviam da agricultura. Desde 2020, moradores são treinados para desenvolver produtos de economia criativa com temática da pintura rupestre. Oficinas de corte e costura, artes plásticas e culinária atraíram os moradores para a tarefa. Os esforços estão gerando frutos: compotas de doces e geleias, camisas, temperos e licor de murici – fruto comum nas regiões Norte e Nordeste do país – já são vendidos pela comunidade para os turistas que aparecem cada vez em maior número no território. 

“O projeto contou uma história que poucos conheciam, que é a história dos nossos antepassados, dos sítios arqueológicos, das artes rupestres e da riqueza que temos ao nosso redor e não sabíamos. O turismo vai funcionar de forma que todos possam usufruir da cadeia produtiva do assentamento. Uma mulher que está em casa ou indo pra roça também tem a expectativa de ter uma renda pra ela. Um pai de família que produz o seu alimento e trabalha com couro vai produzir o seu artesanato e contribuir com o projeto. Um jovem que termina seus estudos e não tem expectativa de trabalho na comunidade vai poder trabalhar como condutor, recepcionista e várias outras coisas”, enaltece a moradora Ana Paula. 

O Iphan investiu aproximadamente R$ 740 mil em medidas de conservação da arte rupestre e ações com os habitantes de Nova Esperança. 

Em outro assentamento do estado, o Lameirão, Girlene dos Santos escolheu o sítio arqueológico chamado de “Delmiro 17” como teto em 1989, até que casas começassem a ser erguidas pelo MST. No local teve dois filhos, onde também criou outros cinco que chegaram com ela ao acampamento improvisado pela formação rochosa. 

Por um período, viveram embaixo de uma pedra com pinturas rupestres. Doações e agricultura os mantiveram até a casa no assentamento ser construídaOs filhos lembram com afeto da época em que dormiam sob pinturas, protegidos pela arte milenar de seus antepassados, que continuam a inspirar os caminhos das novas gerações desse território ancestral. 

Fonte: https://www.gov.br/iphan/pt-br/assuntos/noticias/descobertos-novos-sitios-arqueologicos-na-bacia-do-rio-sao-francisco