segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Chuvas estão de volta; rio S. Francisco está cheio e grandes reservatórios começam a se recuperar

Rio São Francisco, em Bom Jesus da Lapa/BA, em 12 de dezembro

As chuvas estão de volta, vieram para ficar, o rio São Francisco está cheio e grandes reservatórios começam a se recuperar. O nível do reservatório de 3 Marias, em Minas Gerais, já está acima de 16% de seu volume. Há um mês, mostrava tão somente 6% do volume de água armazenada.
Na cabeceira, na Serra da Canastra (sul de Minas), a nascente do S. Francisco já exibe uma queda muito mais volumosa.
Embora com números ainda tímidos, os postos de medição - estações fluviométricas - da bacia do  rio São Francisco no Estado da Bahia também começam a indicar a melhora. Quatro de seis destes postos mostram números maiores de vazão média até o último dia 21 de dezembro, segundo as últimas medições da ANA (Agência Nacional de Águas).  
Dos quatro reservatórios do maior rio de integração do país - pontos onde estão as usinas hidrelétricas de Sobradinho, Xingó, Itaparica e Três Marias - três deles um maior volume útil de água. Ao observar dados das Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais S.A), o volume útil final da usina de Três Marias é de 16,8%, contra 8% em 1º de dezembro e 6,2% em 21 de novembro. 
O reservatório equivalente da bacia do Rio São Francisco, também até o último dia 21 e segundo números da ANA, mostra 8,97% de volume útil. Embora menor do que os pouco mais de 14% observados em 20 de dezembro de 2016, esse número também já mostra a melhora que as chuvas dos últimos dias chegaram para mudar o cenário e trazer um novo ciclo de prosperidade não só para o Nordeste, mas para a área em toda extensão do São Francisco. 
Somente na região de Bom Jesus da Lapa, na Bahia, até o último dia 11 de dezembro, o nível do São Francisco já havia registrado um aumento de três metros, conforme uma nota da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF). 

sábado, 25 de novembro de 2017

Intervenção impede que esgoto da Orla I caia no rio São Francisco



Está sendo realizada na Orla I da cidade, uma obra de ampliação do sistema de esgotamento sanitário. A ação é resultado de um estudo feito pela Prefeitura de Petrolina, em que foi diagnosticado que a rede de esgoto, por conta das ligações clandestinas, não suportava mais a demanda e, com isso, precisava de uma ampliação.
O diretor-presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), Rafael Oliveira, explica que o diagnóstico faz parte do projeto Orla Nossa. “Essa é uma medida realizada para que o sistema possa receber as ligações que eram desviadas clandestinamente para vias pluviais e caiam diretamente no rio. É uma das ações do Programa de Revitalização de Áreas Degradadas, o PRAD”, disse.
Sem a devida reforma, o esgoto transbordaria e iria voltar a cair no rio, como comenta o diretor de Projetos da AMMA, Victor Flores. “Essa intervenção vai contribuir na recuperação do rio no trecho, a medida é para evitar que, pelo aumento da vazão, estoure a rede e volte a cair no Velho Chico”, esclarece.
O estudo foi feito pela diretoria de projetos da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) e pela Diretoria de Saneamento da Secretaria de Infraestrutura, Habitação e Mobilidade (SEINFRAHM). A obra é realizada em parceria da Prefeitura com a Compesa.

sábado, 18 de novembro de 2017

Adubação verde iniciará etapa de recuperação da mata ciliar do rio São Francisco em Petrolina



A recuperação de 12 hectares de solo e mata ciliar do Rio São Francisco será iniciada, nesta semana, em Petrolina. A ação integra o projeto socioambiental Orla Nossa realizada pela prefeitura, através da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA).
Nesta primeira etapa será retirada a cobertura vegetal já existente e aplicada o processo de adubamento verde para correção das deficiências do solo. O diretor de projetos da AMMA, Victor Flores, explica que para o replantio da vegetação nativa, devem ser retiradas as algarobas que estão no local. “Esta planta causa efeito alelopático no solo. Além de não ser nativa, ainda inviabiliza o uso da terra, já que suas raízes liberam substâncias que inibem o nascimento de outras plantas no mesmo lugar”, esclarece.
A partir desta terça-feira (31), será feita uma correção do solo e a adubação com matéria orgânica retirada do rio. Neste processo foram recolhidas mais de 40 mil toneladas de sedimentos oriundos do assoreamento.
A adubação verde é o plantio de leguminosas, que tem a função de descompactar o solo com as raízes, reter nitrogênio e nutrientes no solo além de diminuir o processo de erosão, até que as definitivas arbóreas fiquem prontas para o plantio”, explica o diretor de projetos.
As leguminosas devem ser plantadas na semana seguinte. Este será também um espaço de pesquisa e análise de estudantes de pós-graduações de instituições parceiras do projeto.

Projeto Orla Nossa promove aula de campo para alunos do ensino médio



Da teoria para a prática: os alunos de uma escola particular de Petrolina tiveram uma aula bem diferente nesta terça-feira (14). Cerca de 40 alunos, com idade entre 14 e 15 anos, puderam conhecer de perto o trabalho realizado no Rio São Francisco, pelo projeto “Orla Nossa” da Prefeitura de Petrolina, através da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA).
Para os alunos do primeiro ano do ensino médio, a aula de educação ambiental foi dividida em dois dias: no primeiro, em sala, os estudantes tiveram uma aula teórica com os resultados já obtidos no processo de revitalização do rio e das margens. No segundo dia, os adolescentes foram a campo e conheceram de perto todo processo desenvolvido para ajudar o Velho Chico.
O diretor de Projetos da AMMA, Victor Flores, destaca a importância deste contato dos jovens com o programa Orla Nossa. “Nossa proposta, além de mostrar como desenvolvemos o programa de revitalização, é despertar a consciência das pessoas para que cuidem do bem mais importante da nossa região, que é o Rio São Francisco. Muitos desses meninos passam por aqui diariamente, mas nunca pararam para perceber que eles também são agentes de transformação”, explica.
A ideia de levar os alunos para uma aula de campo partiu dos professores de geografia Alfredo Andrade e Anderson Leineker. “Estávamos sentindo falta de uma aula prática, chegamos até a ver com outra instituição, quando entramos em contato para agendar com a obra que está sendo realizada no rio. Percebemos então, que esta seria uma boa oportunidade de mostrar aos alunos coisas que já abordamos em sala de aula e que, ao mesmo tempo, fazem parte da realidade deles”, comenta Alfredo.
Nem o dia chuvoso tirou a animação e a vontade de aprender da garotada. A aluna Natália Gurgel disse que em uma única manhã pode perceber vários assuntos vistos em sala de aula. “A gente viu um pouco de solos, horizontes e sistema de reprodução das plantas, como vimos com as baronesas. Achei muito legal porque pude também perceber os reflexos das ações que causamos no rio”, afirma.
Ao final da aula o professor Alfredo avaliou como positivos os ensinamentos da aula de campo e quer repetir a dose com outras turmas. “Queremos trazer outros alunos também, só que agora os mais novos de 10 a 12 anos. Numa manhã só, dá para os alunos verem assuntos de Ciências e Geografia, por exemplo. É bom mostrar que o que eles veem em sala de aula, se aplica aqui fora”, adianta.
Para agendar palestras ou visitas de campo, a instituição deve entrar em contato com a AMMA pelo telefone 3861-4382.
Sobre o Orla Nossa:
O Programa Orla Nossa é um projeto de revitalização do Rio São Francisco que vem sendo desenvolvido desde o início da gestão. Entre os trabalhos realizados pela Prefeitura de Petrolina, estão o estudo e a retirada das baronesas, a inserção de 35 mil alevinos, a operação que identificou e solucionou ligações clandestinas e tubulações que despejavam esgoto no rio. O projeto entra agora na fase de recuperação da mata ciliar degradada na extensão da Orla e no processo de educação ambiental.
Entre as parcerias firmadas, o programa conta com o auxílio do Instituto Federal do Sertão Pernambucano, 72º Batalhão de Infantaria Motorizada e a Codevasf.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Previsão é de chuvas para a bacia do São Francisco nos próximos dias

O período úmido na bacia do rio São Francisco poderá ser sentido melhor nos próximos sete dias. Quem garante é a equipe técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o assunto foi transmitido na manhã desta segunda-feira (30 de outubro), durante reunião promovida semanalmente pela Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília (DF), e transmitida por videoconferência para os estados da Bacia.
Durante a reunião, a informação passada pelo núcleo responsável pela prevenção e gerenciamento da atuação governamental perante eventuais desastres naturais ocorridos em território brasileiro, a previsão para os próximos sete dias na Bacia do chamado rio da integração nacional é de, pelo menos, 40 milímetros (mm) de precipitação na região do Alto São Francisco.
A notícia está sendo aguardada com ansiedade. De acordo com alguns dos projetos irrigados localizados na Bacia e que participa da reunião, a baixa vazão do Velho Chico está impedido a irrigação, além de outras atividades que são diretamente prejudicadas pela escassez hídrica registrada desde 2013.
O superintendente da ANA, Joaquim Gondim, explicou que apesar da boa notícia, os órgãos reguladores vão manter a defluência de 550 metros cúbicos por segundo (m³/s) no reservatório de Sobradinho (BA). “Ainda esta semana será publicada no Diário Oficial a renovação desse patamar de vazão até abril, conforme havia sido acertado antes”, confirmou Gondim.
As videoconferências que avaliam as condições hidrológicas da Bacia do São Francisco atendem a uma solicitação apresentada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), são realizadas semanalmente.
Por Delane Barros

domingo, 8 de outubro de 2017

Estudo revela que leito do rio São Francisco recebe 23 milhões de toneladas de sedimentos por ano

Na prática, é como se a cada ano um milhão de carretas de detritos fossem lançadas na água


São Francisco, Pedras de Maria da Cruz, Januária, Bonito de Minas, Manga, Matias Cardoso e Jaíba – Dois mil e novecentos quilômetros de leito em uma bacia hidrográfica que irriga uma área quase igual à da França, abastecendo perto de 13 milhões de pessoas. Os números superlativos do Rio São Francisco combinam com seu passado de fartura. Época em que por suas águas circulavam grandes vapores, apitando enquanto rasgavam a correnteza levando mercadorias e pessoas. Com o tempo, o leito foi minguando, sendo sugado de um lado, aterrado de outro, poluído por todos. Tanto que a história do chamado Rio da Integração Nacional desaguou a um ponto em que, hoje, até a passagem de pequenas canoas é difícil em certos trechos. 

Agredido século após século, em seu lento curso de agonia o Velho Chico chegou a 2017 com o mais baixo volume em seu 516 anos de história, que se completam em 4 de outubro. O aniversário de seu descobrimento pelo navegador Américo Vespúcio  encontrará o manancial enfrentando uma espécie de sentença de morte, executada enquanto seu curso é literalmente soterrado com reflexo de ações humanas.

(foto: Arte/EM/D.A Press)


Os números desse assassinato progressivo e contínuo saltam de estudo inédito realizado pelo Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos e pela Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Entre outros, o trabalho revela um dado assombroso, que traduz em números algo que sempre se percebeu na prática: o leito do rio recebe por ano nada menos que 23 milhões de toneladas de sedimentos, da nascente na Serra da Canastra, em Minas, à foz no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe. Na prática, é como se a cada ano um milhão de carretas de detritos fossem lançadas na água. Para fazer frente a essa realidade, o estudo propõe outras medidas controversas, que incluem a transposição de águas de outras bacias – enquanto não terminou sequer a polêmica sobre a transposição do próprio São Francisco.


Estado de Minas teve acesso com exclusividade ao diagnóstico, fruto de um ano de levantamentos, que apontam que o soterramento do Velho Chico tem como uma das principais causas a ação humana, especialmente o desmatamento, que desencadeia uma série de outras consequências, em efeito cascata (veja arte). “A taxa de erosão de cada uma das fontes de orçamento sedimentar tem sido impactada pelas modificações humanas da paisagem, que levaram a um aumento geral na produção de sedimentos”, diz um dos trechos do relatório.



De posse do estudo inédito, a equipe do EM verificou de perto a situação dramática do São Francisco em diferentes pontos e percorreu de barco suas águas, conferindo o quanto o leito está assoreado, tomado por bancos e ilhas de areia, em uma situação que assombra milhares de pessoas que dele dependem. O Pantanal do Rio Pandeiros, considerado o berçário da bacia, também sofre intenso processo de degradação, alimentado por desmatamento e erosão.



Em outro ponto, no Projeto Jaíba, considerado o maior sistema de irrigação da América Latina, pequenos produtores que dependem diretamente do São Francisco reclamam, preocupados, da proibição de captação de água no rio uma vez por semana. O chamado “Dia do Rio” é uma medida determinada pela Agência Nacional de Águas (ANA) para evitar que a vazão diminua ainda mais. A rigor, trata-se da primeira ação de racionamento da água da história no canal principal do Velho Chico, reduzido pelo número excessivo de outorgas para a captação de água e também pelo secamento dos seus afluentes.

(foto: Arte/EM/D.A Press)


MODELO MATEMÁTICO 

O estudo sobre o transporte de sedimentos para o São Francisco produzido com o auxílio de engenheiros do Exército americano considerou dados relativos a tipos de solo, uso e ocupação de terrenos, topografia, clima (volume de chuva, temperatura, umidade relativa, radiação solar e vento) e vazão dos rios da bacia. De acordo com a Codevasf, o objetivo foi verificar a origem do maior aporte de sedimentos no sistema, ou seja “descobrir se o aporte é causado por desmoronamento de margens ou pelo assoreamento dos afluentes”. “O resultado mostrou que o assoreamento é proveniente da área produtiva, e não das margens”, revela a entidade.


O levantamento foi feito com base em um modelo matemático que leva em consideração diferentes fatores, entre eles a formação de ilhas e depósitos de areia no leito. “No geral, o modelo calcula que aproximadamente 23 milhões de toneladas por ano de sedimento são depositadas dentro do canal, levando a um sistema de degradação”, assinala o relatório. O resultado reforça estudo de 2002 feito pela própria Codevasf, em associação com a Agência Nacional de Águas. Nele, de 73 trechos avaliados, 59 apresentaram assoreamento.

Pesquisadores e técnicos que fizeram o estudo que apontou a marca de 23 milhões de toneladas de sedimentos lançadas a cada ano no leito do Rio São Francisco – trabalho resultante de parceria entre o Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos e a Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) – propõem intervenções para conter o assoreamento e aumentar o volume do leito, visando também a garantir condições de navegação. Entre elas estão as sempre polêmicas obras de transposição de bacias.

Ilhas de sedimentos no meio do leito denunciam avanço do processo de assoreamento(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )


No caso, a bacia do São Francisco – que é “doadora de águas” em um projeto de transposição para o Nordeste cuja polêmica nem sequer foi encerrada, menos ainda as obras –, passaria a receber recursos hídricos de outros rios. Os projetos incluem o desvio de água do Rio São Marcos para o Rio Paracatu (por túnel), do Rio Paranaíba para o Paracatu e do Rio Grande (saindo do vertedouro da Usina de Furnas) diretamente para o Velho Chico.


O estudo também registra um quarto projeto que foi cogitado pela Codevasf “para desviar água da Bacia do Tocantins para a Bacia do São Francisco”, que “não foi considerado” no relatório final. O trabalho apresenta ainda a proposta de construção de cinco barragens em cursos d’água da bacia: três barramentos no Rio Paracatu, um no Rio das Velhas (município de Santo Hipólito, Região Central) e outro no Urucuia, como forma de aumentar a capacidade de armazenamento e de normalização do curso.

Mesmo em pontos onde o São Francisco parece caudaloso é possível caminhar bem longe das margens com água abaixo do joelho(foto: Alexandre Guzanshe/em/d.a press)


PREVISÃO SOMBRIA 

Mas, se transposição e barragens são apontados no estudo como possíveis saídas para o rio, para ambientalistas e professores o mesmo tipo de obra de engenharia agravou os problemas do manancial e ainda pode ser fatal para a bacia. Um dos estudiosos de cerrado no Brasil, Altair Sales Barbosa, professor aposentado da PUC de Goiás (PUC-GO), destaca que a transposição do São Francisco tende a acelerar o processo de assoreamento. “As consequências da transposição serão danosas e, em curto espaço de tempo, levarão à morte a maioria dos afluentes do São Francisco, incluindo o próprio rio. Isso acontecerá porque a dinâmica (das águas) será alterada e o transporte de sedimentos arenosos aumentará de forma assustadora. Um dos resultados será o assoreamento, já que a maioria dos afluentes do São Francisco corre por áreas cuja característica principal é a ocorrência de um arenito frouxo”, diz.


Associado ao desmatamento, esse quadro traz a ameaça de um futuro sombrio. Com solo frágil e a retirada da cobertura vegetal nativa, “o transporte da areia para o leito principal dos rios aumentou em mais de 60%”, estima Sales Barbosa. “Em termos ambientais, herdamos a possibilidade de viver um futuro incerto, com rios secos e a água potável cada vez mais difícil e cara”, adverte o professor. Para ele, os reservatórios (barragens) contribuem com o problema ao acumular grande quantidade de sedimentos, ficando cada vez mais rasos.

REPRESAS

O hidrólogo José do Patrocínio Tomaz Albuquerque, professor aposentado da Universidade Federal de Campina Grande, afirma que o soterramento do Velho Chico é um processo decorrente da “ocupação do espaço pelo homem com os chamados ciclos econômicos”, como o gado, a eletrificação e a irrigação. E acrescenta que as represas afetam de outra forma a questão do assoreamento.

O especialista destaca que o transporte natural dos sedimentos para o mar foi drasticamente reduzido, em parte devido à construção de barragens. “Nos períodos de enchentes, os sedimentos não conseguem atingir, em sua totalidade, o oceano. Isso ocorre por duas razões: uma natural, relacionada com a intensidade das chuvas máximas, que ocorrem cada vez menos; e a outra, artificial, resultante da ação humana, com a construção dos reservatórios de superfície, que regularizam, mas reduzem a vazão média natural do rio.” Isso resulta em menor capacidade de transporte de sedimentos e sua consequente deposição no leito, explica. Como soluções, além da recomposição da cobertura vegetal da bacia e da revitalização das nascentes e veredas, ele sugere “um controle severo da exploração das águas subterrâneas”.


O professor Apolo Heringer Lisboa, idealizador do projeto ambiental Manuelzão, ressalta que as origens do processo de soterramento do Rio São Francisco encontram-se em Minas Gerais e na Bahia, onde brotam 90% das águas da bacia. “Essas origens se encontram no modo humano de tratar o solo no seu processo econômico de produzir mercadorias. Os processos produtivos agrícolas, minerais, industriais e da construção civil liberam solo devido ao desmatamento e a escavações inerentes ao trabalho humano sobre a natureza, sem os devidos cuidados e conhecimentos que garantiriam a sustentabilidade ambiental.”




Evento marca os 516 anos do descobrimento do rio São Francisco

Ações acontecem na cidade de São Francisco e buscam alertar para a importância da preservação do rio da integração nacional.


Nesta quarta-feira (4) é comemorado os 516 anos do descobrimento do Rio São Francisco. Para lembrar a data, uma série de ações está sendo promovida na cidade que leva o mesmo nome do Rio no Norte de Minas. O objetivo é lembrar da importância de preservar o maior rio brasileiro.
O evento é organizado pela ONG Preservar, pelo campus da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e conta com o apoio de vários órgãos públicos e privados da cidade. Segundo o coordenador do campus na cidade, Roberto Mendes Pereira, a iniciativa busca ações práticas que possam ajudar a revitalizar o Rio da integração nacional.
“Muitas pessoas falam muito bem sobre preservação, mas poucas agem. Então, estamos promovendo esta comemoração como forma de alertar, de criar um plano de ação para unir todas as entidades que possam trabalhar em prol do Rio”, explica o professor, que também é presidente da ONG Preservar.
A comemoração terá início às 17h com um passeio de barco pelo Rio. “Iremos soltar foguetes e cantar parabéns para o São Francisco. Logo depois, às 18h, teremos a largada da Minimaratona do Velho Chico. A largada será na Praça dos Pescadores e, simultaneamente teremos o passeio de bicicleta. Mais tarde, às 19h, teremos apresentações culturais”.

Nível de água no Rio São Francisco alcançou a Praça da Matriz durante a enchente de 1979 (Foto: ONG Preservar/Acervo)


ONG Preservar

O professor explica que a ONG, parceira na realização do evento, atua em três campos de ação no município: acervo histórico, cultural e ambiental.
“Com informações colhidas aqui, em nosso acervo, estudantes já conseguiram fazer suas dissertações. No campo cultural, a ONG realiza ações que valorizem a região; para o ano que vem iremos trabalhar a culinária local. Na área ambiental, sempre fazemos ações que visem a preservação da natureza junto às escolas; no ano passado foram retirados mais de dois caminhões de lixo somente na orla do Rio”.


Rio São Francisco enfrenta a mais grave crise hídrica

Com 516 anos de exploração por parte das civilizações que ocuparam o Brasil há mais de cinco séculos, o rio São Francisco está passando pela mais severa crise hídrica contemporânea. Hoje, o Velho Chico chegou aos menores níveis de reserva, o que afeta diretamente milhões de pessoas que dependem das suas águas.
No dia do santo padroeiro do rio, celebrado hoje, a situação é crítica para as pessoas que dependem das suas águas para viver. Este é o caso do técnico em agropecuária José Cerqueira. Morador da margem de Sobradinho em Sento Sé, ele vê com tristeza a situação do rio, que já foi o grande provedor de uma imensa região. "Não conseguimos mais produzir nosso alimento e muitas famílias passam fome", disse, acrescentando que já chorou várias vezes, vendo a água diminuir a cada dia.
A escassez hídrica do rio será tema do IV Encontro dos Comitês Afluentes do Velho Chico, no Hotel Catussaba, em Salvador, amanhã e sexta-feira.

Salvação
Contudo, para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, ainda existe salvação, "desde que o programa de revitalização seja efetivamente tirado do papel e que todos, incluindo os órgãos públicos, os empreendedores da iniciativa privada e os usuários, se empenhem em cumprir o Plano de Recursos Hídricos da Bacia".
Capitaneado pelo CBHSF, esse plano foi concluído em 2016 e prevê ações até o ano de 2025, com valores estimados em R$ 35 bilhões. "A maior parte deste total é de recursos orçamentários, já previstos pela União e os estados", afirmou, destacando que, para evitar o colapso, devem ser canalizados para a bacia do São Francisco.
Outro ponto importante é a necessidade de aprovação da emenda constitucional classificando o cerrado e a caatinga como patrimônio nacional, como foi feito com a mata atlântica e a Amazônia. O fortalecimento dos comitês das bacias estaduais, a criação de sistemas de outorga confiáveis, a classificação dos rios e o estabelecimento da cobrança pelo uso das águas superficiais e as subterrâneas são, segundo ele, fundamentais.
Com recursos obtidos a partir da cobrança pelo uso da água na calha principal do rio, o CBHSF implementa projetos hidroambientais, sendo que 43 já foram concluídos e 14 estão em andamento. "Devemos estar preparados para extremos climáticos", concluiu.

Sobradinho 
Como reflexo da estiagem que se agrava desde 2012 na Bahia e em diversos outros estados da região Nordeste, a vazão defluente da barragem de Sobradinho vem sendo reduzida nos últimos anos aos níveis mais críticos da sua história. 
A crise hídrica deixou o lago de Sobradinho com 4,87% das águas do volume útil nos primeiros dias de outubro. Em 29 de setembro esse número era de 5,23%, com redução registrada dia a dia. Desde a semana passada, a sua vazão defluente passou para 580 m³/s, enquanto que a vazão de entrada no reservatório era de 290 m³/s. 
A redução da vazão para 550 m³/s estava autorizada pela Agência Nacional de Águas (ANA) desde o mês de julho. O Ibama, por sua vez, tinha consentido este patamar desde o mês de agosto. Essa é a menor vazão defluente desde a construção do reservatório de Sobradinho na década de 1970, planejado para gerar energia e regular a vazão das águas. 
Nesse período, a Chesf fez testes de adaptação ao longo dos trechos abaixo das barragens, reduzindo a vazão de forma gradativa para que os locais de captação fossem se adequando a menor volume de água no leito do rio.
A meta desejada com a redução da vazão defluente é preservar a pouca reserva existente, de modo que até a chegada das chuvas na região as barragens tenham água suficiente para abastecer a população ribeirinha e das cidades que dependem do Velho Chico. 


Sete cidades do Submédio SF assinam termos de compromisso para elaboração do PMSB

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) vai subsidiar a elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico de sete municípios da região do Submédio São Francisco. Na tarde desta terça-feira (03), foram assinados, os termos de compromisso das cidades beneficiadas (Lagoa Grande, Abaré, Chorrochó, Macururé , Floresta, Tacaratu, Rodelas e Glória). A solenidade aconteceu na Câmara de Vereadores da cidade pernambucana de Lagoa Grande, a 661 km de Recife.
As empresas responsáveis pela elaboração dos planos, Envex Enganharia e Key Consultoria, terão o prazo de 10 meses para apresentar o relatório final dos PMSBs, que compreende seis produtos. Para isso, será realizada a formação do grupo de trabalho, responsável por garantir a operacionalização do plano, além de reuniões periódicas de alinhamento, audiências públicas, mobilização social em eventos setoriais com debates, oficinas, reuniões, seminários e conferências.
Os municípios são de pequeno porte com idades entre 22 e 131 anos, e a variação populacional entre eles é de 7 a 30 mil habitantes aproximadamente. Durante o ato, os prefeitos e representantes das cidades se comprometeram mediante a assinatura dos termos a garantir o fornecimento às empresas contratadas de todos os documentos, mapas, bases de dados e informações disponíveis nas Prefeituras que sejam importantes para a elaboração do Plano.
Para o comerciante Francisco de Assis Ferreira, morador da cidade de Lagoa Grande, a elaboração do plano da cidade representa a esperança de melhorar a qualidade de vida da população. “Além de significar a melhoria da nossa vida retirando os esgotos da nossa porta e dando a destinação correta, a gente espera que as obras apontadas por esse estudo possam também significar um ganho para o rio São Francisco”.
O planejamento que tem o objetivo de apresentar o diagnóstico do saneamento básico nos municípios deve estabelecer ações viáveis e estruturantes para o abastecimento de água em quantidade e qualidade; esgotamento sanitário; coleta, tratamento e disposição final adequada dos resíduos e limpeza urbana; e drenagem das águas pluviais. O plano deve atender a perspectiva dos próximos 20 anos com revisão a cada 4 anos.
“Com o advento da Lei 11.445 todos os municípios devem ter o Plano de Saneamento Básico e desde 2014 têm essa obrigatoriedade para a captação de recursos. E enquanto Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, consideramos a elaboração e execução do plano algo importante e prioritário. Foram 22 projetos apresentados à Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco e estes são os sete municípios selecionados. Temos a consciência e queremos reforçar que esse passo vai contribuir para o desenvolvimento socioeconômico das cidades, e com o rio São Francisco principalmente, que hoje vive uma situação dramática e não pode mais esperar por ações de preservação”, afirmou o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Julianelli Tolentino.

Parabéns, Velho Chico!

O rio São Francisco comemora hoje 516 anos! “Descoberto” em 1501, na expedição do navegador Américo Vespúcio, no dia em que se comemora o dia do santo, o rio recebeu o nome de São Francisco. Carinhosamente apelidado de Velho Chico, o rio São Francisco, protagonista na vida de muitos brasileiros, resiste, imenso, generoso e potente, a toda destruição a que está exposto.
Enfrentando a maior crise hídrica de sua história, a situação do rio clama por uma reflexão. O que estamos fazendo com o Velho Chico? E o que podemos fazer por ele? Diante de uma escassez hídrica sem precedentes, é cada vez mais urgente pensar soluções para a sobrevivência do São Francisco.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) em seus 16 anos de existência realiza inúmeras ações visando a revitalização e preservação do Velho Chico. Para isso, executa projetos de recuperação hidroambiental através da proteção de nascentes, recarga de aquíferos, recomposição de vegetação, sobretudo ciliar, combate a processos de erosão e uma série de outras intervenções que fazem parte dos esforços para a revitalização do São Francisco e de seus afluentes.
Um dos mais importantes cursos d’água da América do Sul e do Brasil, o Velho Chico banha seis estados e 505 municípios. A população na região da bacia hidrográfica representa cerca de 10% do quantitativo nacional.

sábado, 7 de outubro de 2017

Agricultores seguem com canais clandestinos no rio São Francisco mesmo após multa e esperam acordo

Canais foram feitos em Casa Nova, na região norte da BA, para irrigação de plantações. Ibama disse, no entanto, que obras poderiam causar prejuízos ao meio ambiente.


Agricultores do município de Casa Nova, no norte da Bahia, que foram multados pelo Ibama após abrirem canais no Rio São Francisco sem licença ambiental para irrigar plantações permanecem utilizando os canais clandestinos e esperam um acordo para que não possam ter que pagar o valor definido pelo órgão.
As multas foram aplicadas em agosto a 20 agricultores -- cada um deles multados em R$ 50 mil -- após os canais serem abertos pela associação de produtores rurais da região. O Ibama disse, à época, que os canais abertos poderiam causar o assoreamento do leito, poluição e contaminação da água, e ainda provocar desperdício. O órgão, no entanto, não interditou os canais.
Os trabalhadores dizem que não tem intenção de prejudicar o meio ambiente, mas apenas de salvar as plantações diante da seca que atinge a região. "Eu não tenho condições de pagar essa multa. Estou com 53 anos de idade e nunca vi esse dinheiro na minha mão", disse uma mulher que trabalha na região.
A Agência Municipal do Meio Ambiente de Casa Nova informou que entrou com uma defesa administrativa para tentar converter a multa aplicada aos agricultores em algum tipo de prestação de serviço para compensação ambiental. O superintendente Isael Amaral afirma que aguarda uma audiência com o Ministério do Meio ambiente. "Esperamos essa audiência em Brasília para que, juntamente com o representante do município, o prefeito faça essa homologação do acordo", destacou.
Depois da ação do Ibama, os agricultores começaram a ser orientados pelos fiscais da agencia municipal do meio ambiente. "A gente vai precisar regulamentar esses canais. Os agricultores vão precisar levar até a Agência Municipal do Meio ambiente um projeto que informe o que vai acontecer com o meio ambiente", destacou o fiscal ambiental José Pedro de Oliveira.
Edmilson Torres é outro agricultor que foi multado e que diz não ter condições de realizar o pagamento. "A gente não tem intenção de dar prejuízo ao meio ambiente. Pelo contrário, a gente quer é preservar", destaca.

Fonte: https://g1.globo.com/bahia/noticia/agricultores-seguem-com-canais-clandestinos-no-rio-sao-francisco-mesmo-apos-multa-e-esperam-acordo.ghtml

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Reportagem mostra agonia do Velho Chico

A rede Record de Televisão exibiu neste domingo (1º de outubro) uma longa matéria, na qual retrata as dificuldades enfrentadas pelo rio São Francisco especialmente na sua foz. Durante mais de 15 minutos, pescadores, prefeitos da região, lideranças comunitárias e diversos ribeirinhos que viram o auge do chamado rio da integração nacional, relataram a dor que sentem ao constatar a intrusão salina na região na qual há o encontro do Velho Chico com o mar.
O repórter Michael Keller conseguiu captar barcos que chegam vazios após longos períodos de pesca. Conversou com moradores do município de Piaçabuçu, em Alagoas, e provou da água salgada, encontrada atualmente na foz. O São Francisco, nos seus mais de 2.800 quilômetros de extensão é um dos mais importantes do país.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, apresentou o que vem sendo feito pelo órgão colegiado em defesa do Velho Chico. Ele também apontou as possíveis soluções para minimizar os efeitos da alta salinidade registrada na região.
A matéria completa está disponível no link http://r7.com/e3LH

Chuvas começam em pequenas quantidades na bacia do São Francisco

O período úmido na bacia do rio São Francisco começa a ser monitorado a partir de agora, mas os registros ainda são incipientes, conforme dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). As informações foram transmitidas na manhã desta segunda-feira (2 de outubro), durante reunião promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA) para avaliar as condições hidrológicas na bacia do chamado rio da integração nacional.
De acordo com a avaliação hidrológica, a precipitação prevista para esta primeira semana de outubro ainda é de poucas chuvas na região do Alto São Francisco, considerada como sendo a região “produtora” de água para a bacia.
Diante do cenário, as previsões ainda permanecem de maneira restritiva. Com isso, a vazão praticada em Sobradinho, na Bahia, continua sendo de 580 metros cúbicos por segundo (m³/s) e de 550 m³/s em Xingó, entre Alagoas e Sergipe. A partir da segunda-feira da próxima semana, esse patamar será reduzido em Sobradinho para o mesmo nível de vazão em Xingó, ou seja, 550 m³/s.
Durante a reunião, a equipe técnica da Secretaria de Meio Ambiente de Sergipe e da companhia de abastecimento do Estado (Deso) confirmaram que até o final do mês o conjunto de bombas flutuantes começa a operar na captação para atendimento da população sergipana. A empresa de abastecimento comunicou, durante reuniões anteriores, a dificuldade em captar água para atender a população, devido à intrusão salina provocada pela baixa vazão do rio.
Diante da narrativa, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, havia anunciado a disposição em contribuir com a Deso para a aquisição do conjunto de bombas. O esforço não foi necessário, pois a companhia conseguiu o empréstimo do equipamento junto ao governo do estado de São Paulo.
Durante a reunião, o diretor técnico da Peixe Vivo, agência de bacia do Comitê, Alberto Simon, anunciou a realização do próximo Encontro de Afluentes do São Francisco, marcado para quinta e sexta-feira próximos, em Salvador (BA). A reunião da ANA é realizada todas as segundas-feiras e transmitida por videoconferência para todos os estados inseridos na bacia do Velho Chico. A iniciativa atende a uma demanda apresentada pelo CBHSF e implementada pela agência federal.

domingo, 10 de setembro de 2017

Bacia do São Francisco continua com níveis críticos

O nível de criticidade hídrica na bacia hidrográfica do rio São Francisco permanece, pelo menos até o final de setembro. A informação foi transmitida na manhã desta segunda-feira (4 de setembro), durante reunião semanal promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília (DF) e transmitida por videoconferência para os estados inseridos na bacia do chamado rio da integração nacional.
De acordo com apresentação feita pela equipe técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a previsão para os próximos sete dias é de pequena quantidade de chuva apenas na região do Baixo São Francisco. De acordo com a apresentação, a bacia hidrográfica do Velho Chico continua com o pior período hídrico da sua história, devido à forte estiagem registrada desde 2013.
Diante desse cenário, a equipe do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou, como premissas para o quadro atual, a aplicação da defluência em 285 metros cúbicos por segundo (m³/s) em Três Marias (MG), durante o mês de setembro, além da elevação em Sobradinho (BA) para 670 m³/s, a fim de garantir o armazenamento em torno de 15% do volume útil em Itaparica, localizada entre Bahia e Pernambuco e a vazão de 580m³/s em Xingó, entre Alagoas e Sergipe.
Ainda durante a reunião, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, confirmou a determinação do colegiado em apoiar ações que promovam a oferta de água de qualidade para a bacia. Miranda participou do encontro por videoconferência, no escritório do colegiado, em Maceió (AL). Ele citou, como exemplo de suas afirmações, que o Comitê disponibilizou parte dos recursos necessários para a companhia de abastecimento de Sergipe (Deso) adquirir um conjunto de bombas flutuantes a fim de garantir o atendimento ao abastecimento humano. A empresa, porém, anunciou que a empresa de saneamento de São Paulo (Sabesp) se comprometeu em ceder o equipamento.
A próxima videoconferência da ANA deverá ser realizada na segunda-feira da próxima semana, a partir das 10h, igualmente transmitida para os estados da bacia.

domingo, 3 de setembro de 2017

Baronesas retiradas do rio São Francisco em Petrolina, viram composto orgânico para praças


A partir desta sexta-feira (01), o trabalho de manutenção de praças e jardins realizado pela Prefeitura de Petrolina vai ganhar um importante reforço. É que com uma técnica inovadora, a Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) está transformando as baronesas que ficavam acumuladas nas margens do rio São Francisco em composto orgânico. A ideia é que o material seja utilizado na fertilização do solo das praças e jardins do município. Por estarem bem carentes de nutrientes, as árvores localizadas na Avenida Monsenhor Ângelo Sampaio, no centro da cidade, vão ser as primeiras a receber o novo adubo.
Desde que foi lançado, em março deste ano como uma das principais bandeiras da gestão do prefeito Miguel Coelho, o programa de revitalização do rio São Francisco ‘Orla Nossa’, já retirou cerca de 2 mil toneladas de baronesas que estavam amontoadas nas margens do Velho Chico, em Petrolina. Esse número, representa quase 60% do total estimado que era de 3,5 mil toneladas. Em vez de simplesmente jogar todo o material fora, a AMMA estabeleceu uma parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE) e com a CTR-PE, responsável pelo aterro sanitário da cidade, para a produção do composto orgânico a partir das baronesas. Inicialmente, 5m³ de adubo foram feitos com sucesso.

O COMPOSTO


A ideia era diminuir o uso de esterco, que está caro por causa da redução do rebanho ocasionada pela seca na região, além de otimizar o tempo de produção do material, que normalmente leva 90 dias, em média. Sob coordenação do Diretor de Projetos Ambientais da AMMA, Victor Flores, alguns testes foram realizados até que se encontrasse a melhor composição de materiais. “Usamos um biocatalisador e menores concentrações de esterco, para produzir o composto. Com esta metodologia conseguimos um adubo orgânico, com ótimos índices de fertilidade e que está em conformidade com MAPA. Também reduzimos significativamente o tempo de produção para apenas 32 dias, pouco mais de um terço dos métodos tradicionais”, comemora.

Manifestantes em Petrolina pedem a revitalização do rio São Francisco

O ato começou na Praça do Galo e terminou com um abraço simbólico no Velho Chico.



Manifestantes pedem a revitalização do Velho Chico (Foto: Reprodução / TV Grande Rio)


Neste sábado (2), vários homens, mulheres e crianças foram às ruas de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, para chamar a atenção sobre os problemas enfrentados pelo Rio São Francisco. Em uma passeata, que durou cerca de 1h30 e passou pelas principais ruas do centro da cidade, os manifestantes pediam a revitalização do Velho Chico.

“A importância do movimento é justamente essa: esclarecer a população sobre a situação crítica que se encontra o São Francisco e cobrar de nossos representantes, nossos políticos, união", explica Carlos Pereira, um dos organizadores do ato.

Entre as centenas de manifestantes, tinham pessoas de várias cidades. O advogado Francisco Vital saiu de Caruaru para participar da passeata. “Hoje nós precisamos dar um pontapé inicial para não deixarmos o rio morrer, um rio da integração nacional” destaca Francisco.

Com muitos cartazes e vestidos de branco, o grupo chamava a atenção das pessoas que estavam nas ruas. Foi assim durante todo o percurso. No final da passeata, um grande cordão humano foi formado para abraçar o Velho Chico. De acordo com Carlos Pereira, este é apenas o começo do movimento.

“Não foi um movimento partidário, esse movimento não terminou agora, ele é contínuo. Será produzido um documento desse evento que será entregue a governadores, ao congresso nacional, governo federal. Teremos outras caminhadas, e é importante que a cada dia isso possa se avolumar para que a gente possa exigir providências efetivas para salvar o Velho Chico”.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Baixa vazão afeta ilhas do rio São Francisco e prejudica a navegação e o comércio

Na Ilha do Rodeadouro, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, as pedras que ficavam submersas estão completamente visíveis.

Vazão afeta Ilha do Rodeadouro (Foto: Reprodução/ TV Grande Rio)

A situação das ilhas do Rio São Francisco se agravaram devido as últimas diminuições na vazão. Na Ilha do Rodeadouro, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, as pedras que ficavam submersas estão completamente visíveis. Já no balneário da Ilha do Fogo, entre as cidades de Petrolina e Juazeiro, na Bahia, o cenário também vêm sofrendo constantes modificações.

O gerente administrativo, Natanel da Silva Andrade, que frequenta a Ilha do Fogo disse que são nítidas as mudanças. “Do lado de Juazeiro, na Bahia, dá para perceber essa diminuição nas águas. No nêgo d’água, aquela parte toda está vazia e aqui também estava uns três palmos acima há quatro meses e a tendência é que vá secar cada vez mais", comenta.

Na Ilha do Rodeadouro, as pedras que ficavam submersas no meio do rio, estão visíveis. Essa situação é preocupante. Já que uma nova diminuição na vazão do Reservatório de Sobradinho, na Bahia, deve acontecer a partir da próxima sexta-feira (11). A liberação de água passará de 600 para 550 metros cúbicos por segundo. A menor da história do reservatório.

As dificuldades começaram a afetar o comércio da ilha. “A gente está sofrendo, a gente é só pagando imposto e não pode mais fazer nada. Tem umas barracas já fechadas, porque não tem condições, de tocar o comércio”, destaca o presidente da Associação de Barraqueiros do Rodeadouro, Pedro Francisco Alves.

A redução na vazão atinge, sobretudo, a navegação no rio. “Antes a gente navegava em uma área que tinha seis metros de profundidade, até a oito, e hoje não passa de três metros. Então, é muito grave a situação da nossa travessia”, ressalta a responsável pela travessia do Rodeadouro, Telma Amorim.