segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Projeto 'Flutuantes' levará água para perímetros irrigados do Sertão de PE

Será feita captação de água do centro da barragem de Sobradinho-BA. Codevasf recebeu mais de R$30 milhões do Ministério da Integração.

Devido o déficit hídrico provocado pela estiagem dos últimos três anos e o maior consumo registrado nos meses de outubro, novembro e dezembro, o Ministério da Integração, através da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) decidiu investir mais de R$30 milhões no projeto 'Flutuantes', voltado ao Vale do São Francisco. A obra, que já começou, prevê a captação de água do centro da barragem de Sobradinho, na Bahia, destinando-a para um ponto de captação, chegando aos canais e assim levando água para os lotes dos perímetros irrigados da região. A obra tem duração prevista de 90 dias. 

Em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, o principal beneficiado é o Projeto Senador Nilo Coelho que fica na Zona Rural da cidade.  A área de aproximadamente 23 mil hectares possui plantações de manga, uva, coco, goiaba, banana e outras culturas. O projeto Flutuantes surge para assegurar o abastecimento de água e tranquilizar o produtor, fazendo que mantenha os planejamentos, sobretudo, com exportadores. 

De acordo com diretor da área de gestão dos empreendimentos de irrigação da Codevasf, Luis Napoleão Casado, este é um investimento alto, mas que leva em consideração uma situação emergencial e a importância dos perímetros irrigados para a região. “O projeto Senador Nilo Coelho gera mais de 60 mil empregos diretos e indiretos, beneficiando a população de 331 mil habitantes de Petrolina e 1 milhão de habitantes no Vale do São Francisco”, explica. 
A ordem de serviço foi assinada na sexta-feira (18), em Sobradinho, na Bahia, e já está sendo feito o levantamento topográfico da área. “Faremos um canal que vai conduzir a água até um ponto de captação. O projeto tem três fases, uma de licitação, aterro e construção de canais e tubulações e as balsas/flutuantes. O investimentos das três etapas está estimado em R$25 milhões. A Codevasf recebeu o recurso do Ministério da Integração. A previsão é que a obra seja entregue em até 90 dias, mas a construtora pode acelerar e entregar antes do previsto e tudo pode ser concluído ainda em novembro”, relata.
Serão instaladas inicialmente oito balsas e oito bombas, contudo pode acontecer a ampliação e ser acrescentada mais oito bombas, como prevê o projeto inicial. Com a implantação do projeto, mais de 2 mil agricultores devem ser atendidos.

Chesf propõe redução de vazão em Sobradinho e Xingó

Antes mesmo de qualquer previsão de chuva para os próximos meses, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) apresentou pedido para reduzir  a vazão do rio São Francisco dos atuais 900 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 800 m³/s nos reservatórios de Sobradinho (BA) e Xingó (AL). O pedido foi formalizado dois dias depois da reunião promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA) para avaliar os efeitos da defluência reduzida no rio.
O ofício que formaliza o pedido, assinado pelo superintendente de Operação da Chesf, João Henrique de Araújo Franklin, irá reduzir o nível do Velho Chico, em média, em 15 centímetros no trecho Sobradinho/Itaparica, e em 20 cm no trecho Xingó/Foz, conforme consta no próprio documento oficial, e deve começar a vigorar em 1º de dezembro.
Na última reunião promovida pela ANA, ficou acertado que a defluência permanece em 900 m³/s até o final de novembro. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, lembrou que o colegiado questionou tais pedidos  da Chesf. “O Comitê considera recomendável adiar qualquer decisão sobre novas reduções, pelo menos até o final do período úmido, que começa a partir de novembro, na região das cabeceiras do São Francisco”, opinou.
Desde abril de 2013, o setor elétrico tem feito pedidos recorrentes para reduzir a vazão do São Francisco, com o argumento de que se trata de medida emergencial. De lá para cá, a defluência praticada nos reservatórios de Sobradinho e Xingó caiu de 1.300 m³/s e foi reduzida paulatinamente até o volume atual de 900 m³/s. O pedido da Chesf ainda será analisado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Maior reservatório do Nordeste atinge seca histórica

Maior reservatório de água do Nordeste, a barragem de Sobradinho, no rio São Francisco, atingiu neste sábado (24) o nível mais baixo de sua história, aumentando o risco de desabastecimento hídrico em consequência da pior seca dos últimos 83 anos. A água acumulada no lago está em 5,41% de seu volume útil ¿abaixo dos 5,46% de novembro de 2001, quando o país passou por um racionamento de energia. Inaugurada em 1979, a represa de Sobradinho tem capacidade de 34,1 bilhões de metros cúbicos e corresponde a 58% da água usada para geração de energia no Nordeste. Mas enfrenta grave estiagem ¿de janeiro a outubro de 2015, choveu apenas 29,8% do esperado na região da barragem. "Todos os usuários devem estar preparados para chegarmos ao volume morto. Isso não significará que a água acabou, mas os usos [como geração de energia, irrigação e consumo] terão que se adequar a essa realidade", alerta o superintendente de Operação da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), João Henrique de Araújo Neto.

Projeções do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) mostram que, se não voltar a chover na região, Sobradinho deve atingir, em meados de dezembro, o volume morto - reserva de água abaixo do ponto de captação que representa 15% da capacidade total do reservatório. Se isso ocorrer, a usina hidrelétrica, que já opera com menos de 20% de sua capacidade, deixaria de operar. Segundo o ONS, contudo, não há risco de racionamento, pois é possível usar fontes alternativas, como térmicas e eólicas, e transferir energia de outras regiões por meio de linhas de transmissão. 

Atualmente, as hidrelétricas representam 33% da energia gerada no Nordeste. A iminência do nível zero preocupa produtores de frutas do perímetro irrigado Nilo Coelho, em Petrolina (PE) e Casa Nova (BA), que têm produção anual de R$ 1,1 bilhão. O sistema atual retira água diretamente do reservatório, mas não é preparado para funcionar abaixo do volume morto. Para permitir o aproveitamento dessa água, a Codevasf, estatal ligada ao Ministério da Integração, iniciou em setembro obras de instalação de bombas flutuantes e construção de um canal de captação, com conclusão prevista para 15 de dezembro. "Se chegar a esse limite e as obras não estiverem prontas, a irrigação para. Se parar, deixa de atender 2.322 produtores, além de 130 mil pessoas que usam água do sistema para consumo", afirma Paulo Sales, gerente-executivo do Distrito de Irrigação Nilo Coelho. 


Para manter mais água na represa, a ANA (Agência Nacional de Águas) já autorizou a redução da vazão de Sobradinho de 1.300 m³/s para 900 m³/s - e avalia reduzir ainda mais, para 800 m³/s. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Anivaldo Miranda, critica a redução. "Os impactos ambientais são terríveis, como o assoreamento do leito, a erosão das margens e a água salina que avança na foz do rio", criticou. Uma das principais preocupações é o consumo humano. Com a vazão menor, o nível da água baixou, exigindo adaptações nos sistemas de captação. Em Remanso (BA), por exemplo, a água já recuou seis quilômetros. "As prefeituras estão tendo custo maior para bombear. Em algumas cidades, ainda captam do mesmo lugar, onde só tem uma poça de água barrenta", disse Silvana Leite, membro do comitê gestor do lago de Sobradinho. 

Navegação interrompida

A seca prolongada no São Francisco também afeta a pesca, com a redução de espécies, como o surubim, e a navegação. A última empresa que realizava transporte de cargas deixou de operar em abril de 2014, devido à seca e ao assoreamento do rio. Hoje, até pequenas embarcações precisam fazer desvios para não encalhar. Esperada para começar em novembro, a temporada de chuvas no São Francisco deverá atrasar, segundo meteorologistas, devido ao fenômeno El Niño - o superaquecimento das águas do Pacífico que provoca redução das chuvas no Nordeste.

Integração Nacional entrega 528 projetos de irrigação em Juazeiro

Os projetos ajudam a reduzir o consumo de água e de energia e a preservar o meio ambiente no município baiano


O Ministério da Integração Nacional entregou nesta semana 28 projetos de irrigação a produtores de Bebedouro, Curaçá, Maniçoba e Tourão, localizados no polo em torno de Juazeiro (BA) e de Petrolina (PE). Os objetivos são a redução do consumo de água e de energia e a preservação do meio ambiente nos perímetros irrigados da região.
Elaborados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), os projetos ajudam a reduzir o consumo de água e de energia e a preservar o meio ambiente por meio da conversão dos sistemas de irrigação.
A entrega ocorreu na abertura do IV Workshop de Irrigação e I Simpósio Nordestino de Engenharia Agrícola, em complexo de eventos da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) em Juazeiro. O evento termina nesta quinta-feira (29).
Metodologia
Os projetos são baseados na metodologia do perímetro de Mandacaru, localizado em Juazeiro (BA), o primeiro totalmente convertido de irrigação por sulcos para irrigação localizada. A metodologia é calcada na eficiência da aplicação de água e do consumo de energia, baseados em análises obtidas a partir da substituição de sistemas de irrigação por gravidade por sistemas pressurizados.
Além de diminuir o consumo de água e de energia, também garante maior oferta de alimentos ao longo do ano e melhores resultados econômicos para o agricultor irrigante. Segundo o Ministério da Integração Nacional, em 2014, o projeto Mandacaru registrou redução de 50% no consumo de água, de 30% nos cursos de energia e aumento médio de 100% de produtividade e de 40% da área anual média cultivada.
Para o secretário Nacional de Irrigação, Antônio Carvalho, a necessidade de ampliação da tecnologia de irrigação no País tem ligação direta com a otimização do abastecimento de água. "O sistema a ser implementado utiliza pouca água, mas suficiente para a contínua produção de gêneros agrícolas. Ao replicar a tecnologia desenvolvida no Projeto Mandacaru, será ampliada a eficiência do uso da água na irrigação", destacou.

Fonte: http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2015/10/integracao-nacional-entrega-528-projetos-de-irrigacao-em-juazeiro