quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Seca na barragem de Sobradinho é suprida com eólicas e termelétricas

Com 5,6 Megavolts (MVA) de potência instalada, a Companhia de Energia Elétrica do Estado da Bahia (Coelba) garante que não há riscos de apagões no Estado, por conta da crise de geração de energia na Barragem de Sobradinho, no Rio São Francisco. Isso porque a empresa afirma ter energia suficiente para suprir a demanda dos 415 (dos 417 existentes) municípios do Estado, onde atende a uma população de  mais de 14 milhões de habitantes.
Ontem, o Lago da Barragem de Sobradinho estava com apenas 1,5% do seu volume útil de água armazenada. Hoje em Brasília, a Agência Nacional de Águas vai reunir técnicos do Ibama, Chesf, Comitê da Bacia do São Francisco, e o Operador Nacional do Sistema (ONS) para decidir pela redução da vazão de Sobradinho de 900 metros cúbicos por segundo para 800 m³/s como está sendo solicitado pelo ONS. Essa redução é para evitar que se chegue ao volume morto (0% do volume útil) , quando Sobradinho deixará de gerar energia.
Segundo a empresa existe energia contratada em volume suficiente para atender ao crescimento da demanda de mercado da sua área de concessão pelos próximos cinco anos.  Essa energia contratada é obtida através da compra do produto ofertado no mercado, através de leilões oferecidos pelas geradoras, com matrizes  diversas, não mais unicamente do sistema hidrelétrico da Chesf  no Rio São Francisco, mas de fontes como a geração eólica, térmica, além de energia hidráulica transferidas de outras regiões.
No último mês de outubro, a energia distribuída pela Coelba nos 415 municípios baianos foi de 1.624 GWh (Gigawatt-hora). No acumulado deste ano, de janeiro a outubro, a energia distribuída pela Coelba em sua área de concessão foi de 15.579 GWh.  Hoje a empresa conta com mais de 5,6 milhões de clientes, sendo 88% destes, clientes residenciais. 

Eólicas
Além da oferta de energia de outras matrizes que são adquiridas no mercado, através de leilões, a Bahia ainda tem sistemas geradores de energia hidrelétricas próprios, operados pelo grupo Neoenergia  com quatro usinas hidfrelétricas de pequeno porte -  Alto Fêmea, Itapebi, Presidente Goulart e Sitio Grande – e três sistemas de geração eólica – Caetité I, II e III, localizados no Centro Sul do estado. 

Na semana passada a Chesf  inaugurou as novas subestações Igaporã  III e Pindaí  II, em 230 kV, esta última com uma potência de 300 MVA. No mesmo período também entraram em operação as novas linhas de transmissão Igaporã II / Igaporã III e Pindaí II / Igaporã III, em 230 kV, com extensões de 5,4 quilômetros 49,6 Km, que irão reforçar o fornecimento de energia para o Estado.
O empreendimento proporcionará o crescimento do aproveitamento do potencial de energia eólica, um importante reforço para a geração de energia elétrica na região,  principalmente considerando os atuais baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas no fim do período seco. O empreendimento da Chesf contempla a integração de 12 parques eólicos, com potência de 246,8 MW, localizados na região Centro |Sul da Bahia.
Estão em andamento os serviços para conclusão, ainda neste mês, da segunda linha de transmissão Igaporã II / Igaporã III C1, em 230 kiloVolt. Até o final do ano, entra em operação comercial o empreendimento completoa linha de transmissão Bom Jesus da Lapa II / Ibicoara, para conexão da subestação Igaporã III, na tensão de 500 kV e com extensão de 69,7 km, além dos dois bancos de autotransformadores 500/230/13.8 kV com potência total de 1.750MegaVolt de potência instalada.
Ministério de Minas diz que risco de apagão é zero
Em nota, o Ministério das Minas e Energia (MME) informou que mesmo sem a geração de energia a partir da Barragem de Sobradinho, a maior do Nordeste, a região não sofrerá com colapso no fornecimento, uma vez que além da geração própria, de usinas termelétricas e geração eólica, conta ainda com a interligação com sistemas de outras regiões dom país.Segundo o MME, a situação de abastecimento de energia no Nordeste é confortável, devido ao volume de térmicas e eólicas que há na região, e também pelos intercâmbios de energia elétrica gerados em outras regiões do Sistema Interligado Nacional (SIN). Porém, a defluência  (saída da água) da usina não pode ser interrompida, pois é preciso manter o abastecimento de água para consumo humano à jusante da usina (nas comunidades que ficam no curso do rio, após a hidrelétrica).
Ainda segundo o ministério os órgãos e entidades que compõem o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) acompanham continuamente as condições de suprimento energético no país. O comitê avaliou que o risco de qualquer déficit de energia no Nordeste é zero neste ano. Este ano já foram adicionados 4.436 MegaWatts  (MW) de  energia ao sistema integrado, beneficiando todas as regiões do país. 
Chuvas
As chuvas que caem no Norte de Minas Gerais, onde ficam as nascentes do Rio São Francisco ainda são consideradas fracas pelos técnicos do Ministério das Minas e Energia. A previsão é de que elas sejam ainda menores na próxima semana, o que diminuirá ainda mais a vazão do rio. A bacia do rio São Francisco apresenta chuva fraca isolada devido ao avanço da frente fria por Minas Gerais no início da semana e à atuação de áreas de instabilidade no decorrer da semana.

Desta forma, segundo a nota do MME,  a coordenação hidráulica das usinas da bacia do rio São Francisco na região NE será efetuada visando a implementação da política de redução da defluência mínima, nas UHEs Sobradinho e Xingó, sendo a geração térmica local e o intercâmbio de energia responsável pelo fechamento do balanço energético da região NE.
Segundo informou o Operador Nacional do Sistema (ONS) a previsão de carga de oferta de para a Região Nordeste é de 11.250 MW 
Estas previsões, quando comparadas aos números verificados na semana anterior, indicam acréscimo de 0,7. Em relação a igual período do mês passado, houve um crescimento da oferta de energia para o Nordeste, mediante o uso de geração eólica, termelétricas e transferências de outras regiões, de 4,8%.

Sistema hidrelétrico
A demanda de consumo de energia na Região Nordeste está em torno de 11 mil MegaWatts, dos quais somente o sistema hidrelétrico do Rio São Francisco responde por aproximadamente 10,5% dessa geração de energia. Dessa geração hidrelétrica, 60% depende da vazão DCE água da Barragem de Sobradinho, quye por sua vez regula o sistema hidrelétrico da Barragem de Itaparica e do Complexo Paulo Afonso e Xingó.

A Chesf diz que a região dispõe como alternativa em torno de 7 mil MW de energia vinda da geração eólica e outros 5 mil MW das usinas termelétricas. A isso acrescente-se as linhas de transmissões que trazem energia das regiões Norte e Sudeste.

Rio São Francisco vive seca histórica, afetando produtores de frutas e vinhos

A crise hídrica que levou o rio São Francisco a uma das piores secas da história gerou duplo impacto na produção de frutas e vinhos no semiárido da Bahia e Pernambuco.
Produtores temem a possível falta de água no próximo mês para as culturas irrigadas no Vale do São Francisco. Entre as cidades afetadas estão Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), que, em plena crise econômica, estão no topo do ranking de geração de empregos formais este ano.
Além da apreensão com o mais baixo nível da história do reservatório de Sobradinho (3,6%), o principal do rio, o aumento das tarifas de energia elétrica elevou o gasto dos produtores da região.
Segundo agricultores, o sistema de bandeiras tarifárias -instituído pelo governo federal para diminuir o consumo de energia e preservar os reservatórios de hidrelétricas- fez o custo de produção de frutas irrigadas no semiárido nordestino aumentar em até 30%.
Segundo o diretor presidente da Upa Agrícola Limitada, Caio Coelho, o baixo volume de água faz com que as bombas consumam mais energia para levar a água aos pontos de irrigação.
"Para produzir normalmente, precisa irrigar de forma abundante", disse ele que tem 500 hectares de frutas irrigadas e 1.200 funcionários.
MANGA, UVA, GOIABA
O cultivo em perímetros irrigados existe desde a década de 1980 na região. Ela concentra 120 mil hectares de culturas de manga, uva, goiaba, coco verde e acerola.
Cerca de 70% da produção é destinada à exportação para os Estados Unidos, Canadá e países da Europa e Ásia. A alta do dólar seria comemorada caso os custos de produção não tivessem aumentado quase na mesma proporção.
A agricultura é o carro-chefe da economia do semiárido nordestino. Petrolina foi a cidade que mais gerou vagas formais no país entre janeiro a setembro, segundo o Caged: 4.836 novos postos. Juazeiro, com 2.205 novas vagas, ficou na sexta posição.
O Vale abriga seis vinícolas que formam o segundo maior polo produtor de vinhos do país, atrás do Rio Grande do Sul. Também nesse segmento os efeitos da seca são sentidos.
José Gualberto, sócio da Vinícola do Vale do São Francisco, que produz vinhos da marca Botticelli, se queixa do fim do desconto para consumo entre 21h30 e 6h, horário de maior volume de irrigação.
"Gastava cerca de R$ 20 mil por mês com energia. Hoje gasto R$ 45 mil", disse.

A empresa de vinhos Miolo, por exemplo, utiliza água da barragem de Sobradinho para irrigar sua vinícola em Casa Nova (BA), onde desde 2001 são envasados 2,5 milhões de garrafas de vinho e espumantes por ano.
Segundo o gerente da unidade, Flávio Durante, a empresa teve que gastar R$ 30 mil na aquisição de uma bomba e tubulações para captar rio mais acima.


VOLUME MORTO
Caso Sobradinho chegue ao volume morto, o que é previsto para dezembro, o nível da água estará abaixo do ponto de captação.
Resultaria na interrupção de fornecimento e perda de produção do maior perímetro irrigado de Petrolina, chamado Senador Nilo Coelho, com 23 mil hectares de frutas (área equivalente a cerca da metade da baía de Guanabara).
Segundo Edis Matsumoto, sócio proprietário da Fazenda Área Nova, que tem 74 hectares de uvas e mangas no local, um mês sem água resultará na morte das plantas frutíferas, que levam de dois a quatro anos para começar a produzir em escala industrial.
O Ministério da Integração Nacional promete concluir em dezembro a instalação de balsas flutuantes que permitiriam a captação em volume morto no lago de Sobradinho.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Boeing de empresa dos Emirados Árabes aterrissa em Petrolina e leva manga produzida no Vale para o exterior


Como este Blog já havia divulgado, o Boeing 777-F da empresa cargueira Emirates SkyCargo, dos Emirados Árabes, chegou a Petrolina. A aeronave aterrissou às 23h09 de ontem (16) e decolou às 4h22 desta terça (17) – ambos horários locais.
A operação desta madrugada, que fez o trajeto Dakar/Petrolina/Dakar, não foi diferente das demais realizadas semanalmente pela Cargolux, que desde 2006 tem o seu Boeing 747 descendo na cidade. Ou seja, foi baseada 100% na exportação de manga para o mercado internacional. Ao todo foram embarcados no Boeing 777-F, em fretamento exclusivo, quase 104 toneladas da fruta (capacidade máxima da aeronave).
A expectativa inicial é que venham novos fretamentos e operações deste porte no Aeroporto Internacional de Petrolina Senador Nilo Coelho para a Emirates SkyCargo, agregando valor não só às operações internas do aeroporto, mas também às frutas enviadas para novos mercados.
Essa e outras operações cargueiras só foram realizadas devido à estrutura encontrada no aeroporto, que conta com uma pista de 3.250 metros de comprimento por 45 metros de largura (uma das duas maiores do Nordeste), além de um Terminal de Cargas, totalmente preparado para atender a demanda de exportação de frutas da região, com seis câmaras frigoríficas e capacidade de armazenamento de 17 mil caixas cada uma, e dois túneis de resfriamento. (com informações do site PNZ Potter/foto reprodução)

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Água em Sobradinho cai a níveis críticos

Volume útil da barragem cai para 3,53% e já ameaça geração de energia no Nordeste


Até a manhã de ontem, o volume útil de água na Barragem de Sobradinho, no Rio São Francisco, e que responde por 58% da geração de energia para a Região Nordeste, tinha caído para 3,53%, considerado um nível crítico, com riscos para a geração de energia e para o atendimento aos perímetros irrigados das regiões de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE)  até os estados de Alagoas e Sergipe.
Segundo os dados do Operador Nacional do Sistema (NOS) em apenas um dia, do dia 2 até às seis horas de ontem, o volume útil do lago de Sobradinho passou de 4,15% para 3,53%, uma perda de 0,62 pontos percentuais, indicando que até o final da próxima semana o lago da barragem deverá atingir o que os técnicos chamam de volume morto, que é quando a água só poderá ser puxada através de bombeamento e não mais poderá gerar energia.
O ONS informou que mesmo nessa situação, deverá manter a vazão de Sobradinho (a água que sai das comportas da barragem em direção a Juazeiro) em 90 metros cúbicos por segundo, garantindo o mínimo de volume pára a Barragem de Itaparica, na divisa da Bahia com Pernambuco, que por sua vez regula o fornecimento de água para o Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso e Xingó.
Ainda segundo informação da Assessoria de Comunicação do ONS, por enquanto não foi emitido quaisquer avisos para  os perímetros irrigantes e muito menos houve qualquer alteração que indique alterações na política de geração de energia. A próxima reunião, no dia 30 deste mês, vai definir se será mantida ou não a atual vazão do rio. Sobradinho está com uma afluência de 500 metros cúbicos por segundo de água , enquanto libera peras comportas um volume de 900 m³/s.

Cenário crítico
Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Anivaldo  Miranda, o cenário é bastante crítico, sobretudo nas perspectivas da geração de energia.”O lago não vai secar, mas com o volume morto vai  ter de parar o fornecimento de água para a geração de energia e vai trazer complicações para os perímetros irrigados das regiões após a barragem (ajuzante)”, disse.

Miranda destaca que toda a navegabilidade no São Francisco já está prejudicada e que uma redução da vazão de Sobradinho, de 900 para 800 metros, vai trazer impactos ainda mais drásticos, interferindo diretamente na qualidade da água consumida pelas populações abaixo da barragem. O Comitê pretende fazer pressão para que na reunião da Agência Nacional de Água (ANA), marcada para o próximo dia 30, em Brasília, seja mantida a vazão mínima de 900 m³/s, na esperança de que as chuvas ocorram.
Para o senador Otto Alencar (PSD-BA), presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, o cenário é crítico e próximo ao caos. Ele defende que o Governo Federal decrete situação de emergência na bacia do Rio São Francisco e inverta a lógica dos investimentos em transposição para revitalização de forma urgente. “Já se gastou R$ 8,5 bilhões na transposição e nada na revitalização”, acusa.
Ainda segundo Otto Alencar, com a decretação da situação de emergência, o Governo federal poderá captar recursos internacionais para investir em programas de revitalização do rio. “Com 700 milhões por ano e  em um prazo de 10 anos, recupera-se a bacia como um todo”, diz o senador. Conforme disse, com o processo de assoreamento, mesmo a água que venha a ser liberada na Barragem de Três Marias, no norte de Minas, terá dificuldades para chegar em Sobradinho, se não for em um volume significativo. “No ano passado a bacia recebeu 28 milhões de toneladas de sedimentos que destrói suas margens e entope a calha do rio”, completou.
Monitoramento diário
Toda a situação na bacia do Rio São Francisco vem sendo monitorada diariamente por técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA), do Operador Nacional do Sistema (NOS) Instituto do Meio Ambiente (Ibama) e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). Os técnicos medem não só o volume de água que entra e sai do lago de Sobradinho, mas também das barragens de Três Marias e Itaparica, e também as vazões nos postos pluviométricos de Bom Jesus da Lapa e Morpará, no Este da Bahia.

Face à ocorrência de sucessivos eventos críticos e à necessidade de acompanhá-los em tempo real, de forma sistemática e pró-ativa, fornecendo respostas com maior agilidade e precisão, foi criada a Sala de Situação da ANA, cujo principal objetivo é acompanhar as tendências hidrológicas em todo o território nacional, com a análise da evolução das chuvas, dos níveis e das vazões dos rios e reservatórios, da previsão do tempo e do clima, bem como a realização de simulações matemáticas que auxiliam na prevenção de eventos extremos.
O espaço é um centro de gestão de situações críticas e subsidia a tomada de decisões da Diretoria Colegiada da ANA, principalmente na operação de curto prazo de reservatórios, por meio do acompanhamento das condições hidrológicas dos principais sistemas hídricos nacionais de modo a identificar possíveis ocorrências de eventos críticos, o que permite a adoção antecipada de medidas mitigadoras com o objetivo de minimizar os efeitos de secas e inundações. 
Funciona como um centro de gestão de situações críticas e subsidia a tomada de decisões por parte de sua Diretoria Colegiada, em especial, na operação de curto prazo de reservatórios, através do acompanhamento das condições hidrológicas dos principais sistemas hídricos nacionais de modo a identificar possíveis ocorrências de eventos críticos, permitindo a adoção antecipada de medidas mitigadoras com o objetivo de minimizar os efeitos de secas e inundações. 
Audiência pública na cidade de Barra vai discutir situação do Rio
Amanhã representantes do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco vão realizar audiência pública na cidade Barra, no Oeste Baiano, para discutir a situação do rio. É a terceira consulta pública para atualização do Plano Decenal de Recursos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. O evento ocorrerá no Auditório Antônio Batista Pinto (antigo Auditório Padre Alkmim, anexo à escola Sylvia Araújo), , das 9h às 13h.
As duas audiências anteriores aconteceram nas cidades de Pão de Açúcar, Alagoas, e  Divinópolis em Minas Gerais .A próxima audiência vai acontecer em Rodelas, Norte do estado, no dia 11. O Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco está sendo planejado para o decênio 2016/2025, e traçará as diretrizes de aproveitamento da água na bacia, além de oferecer subsídios para uma gestão racional e integrada em vários aspectos relacionados com a sustentabilidade do rio São Francisco. 

Conforme explicou o presidente do Comitê, Anivaldo Miranda, os estados têm investidos pouco na gestão dos recursos hídricos, especialmente na Bacia do Rio São Francisco. “É preciso mais fiscalização nas outorgas, na gestão e uso das águas e principalmente nos investimentos em programas de revitalização. Estamos discutindo uma agenda de crise, mas é preciso criar uma agenda para o futuro”, advertiu.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é um órgão colegiado, integrado pelo poder público, sociedade civil e empresas usuárias de água, que tem por finalidade realizar a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos da bacia, na perspectiva de proteger os seus mananciais e contribuir para o seu desenvolvimento sustentável. A diversidade de representações e interesses torna o CBHSF uma das mais importantes experiências de gestão colegiada envolvendo Estado e sociedade no Brasil.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Projeto 'Flutuantes' levará água para perímetros irrigados do Sertão de PE

Será feita captação de água do centro da barragem de Sobradinho-BA. Codevasf recebeu mais de R$30 milhões do Ministério da Integração.

Devido o déficit hídrico provocado pela estiagem dos últimos três anos e o maior consumo registrado nos meses de outubro, novembro e dezembro, o Ministério da Integração, através da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) decidiu investir mais de R$30 milhões no projeto 'Flutuantes', voltado ao Vale do São Francisco. A obra, que já começou, prevê a captação de água do centro da barragem de Sobradinho, na Bahia, destinando-a para um ponto de captação, chegando aos canais e assim levando água para os lotes dos perímetros irrigados da região. A obra tem duração prevista de 90 dias. 

Em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, o principal beneficiado é o Projeto Senador Nilo Coelho que fica na Zona Rural da cidade.  A área de aproximadamente 23 mil hectares possui plantações de manga, uva, coco, goiaba, banana e outras culturas. O projeto Flutuantes surge para assegurar o abastecimento de água e tranquilizar o produtor, fazendo que mantenha os planejamentos, sobretudo, com exportadores. 

De acordo com diretor da área de gestão dos empreendimentos de irrigação da Codevasf, Luis Napoleão Casado, este é um investimento alto, mas que leva em consideração uma situação emergencial e a importância dos perímetros irrigados para a região. “O projeto Senador Nilo Coelho gera mais de 60 mil empregos diretos e indiretos, beneficiando a população de 331 mil habitantes de Petrolina e 1 milhão de habitantes no Vale do São Francisco”, explica. 
A ordem de serviço foi assinada na sexta-feira (18), em Sobradinho, na Bahia, e já está sendo feito o levantamento topográfico da área. “Faremos um canal que vai conduzir a água até um ponto de captação. O projeto tem três fases, uma de licitação, aterro e construção de canais e tubulações e as balsas/flutuantes. O investimentos das três etapas está estimado em R$25 milhões. A Codevasf recebeu o recurso do Ministério da Integração. A previsão é que a obra seja entregue em até 90 dias, mas a construtora pode acelerar e entregar antes do previsto e tudo pode ser concluído ainda em novembro”, relata.
Serão instaladas inicialmente oito balsas e oito bombas, contudo pode acontecer a ampliação e ser acrescentada mais oito bombas, como prevê o projeto inicial. Com a implantação do projeto, mais de 2 mil agricultores devem ser atendidos.

Chesf propõe redução de vazão em Sobradinho e Xingó

Antes mesmo de qualquer previsão de chuva para os próximos meses, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) apresentou pedido para reduzir  a vazão do rio São Francisco dos atuais 900 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 800 m³/s nos reservatórios de Sobradinho (BA) e Xingó (AL). O pedido foi formalizado dois dias depois da reunião promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA) para avaliar os efeitos da defluência reduzida no rio.
O ofício que formaliza o pedido, assinado pelo superintendente de Operação da Chesf, João Henrique de Araújo Franklin, irá reduzir o nível do Velho Chico, em média, em 15 centímetros no trecho Sobradinho/Itaparica, e em 20 cm no trecho Xingó/Foz, conforme consta no próprio documento oficial, e deve começar a vigorar em 1º de dezembro.
Na última reunião promovida pela ANA, ficou acertado que a defluência permanece em 900 m³/s até o final de novembro. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, lembrou que o colegiado questionou tais pedidos  da Chesf. “O Comitê considera recomendável adiar qualquer decisão sobre novas reduções, pelo menos até o final do período úmido, que começa a partir de novembro, na região das cabeceiras do São Francisco”, opinou.
Desde abril de 2013, o setor elétrico tem feito pedidos recorrentes para reduzir a vazão do São Francisco, com o argumento de que se trata de medida emergencial. De lá para cá, a defluência praticada nos reservatórios de Sobradinho e Xingó caiu de 1.300 m³/s e foi reduzida paulatinamente até o volume atual de 900 m³/s. O pedido da Chesf ainda será analisado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Maior reservatório do Nordeste atinge seca histórica

Maior reservatório de água do Nordeste, a barragem de Sobradinho, no rio São Francisco, atingiu neste sábado (24) o nível mais baixo de sua história, aumentando o risco de desabastecimento hídrico em consequência da pior seca dos últimos 83 anos. A água acumulada no lago está em 5,41% de seu volume útil ¿abaixo dos 5,46% de novembro de 2001, quando o país passou por um racionamento de energia. Inaugurada em 1979, a represa de Sobradinho tem capacidade de 34,1 bilhões de metros cúbicos e corresponde a 58% da água usada para geração de energia no Nordeste. Mas enfrenta grave estiagem ¿de janeiro a outubro de 2015, choveu apenas 29,8% do esperado na região da barragem. "Todos os usuários devem estar preparados para chegarmos ao volume morto. Isso não significará que a água acabou, mas os usos [como geração de energia, irrigação e consumo] terão que se adequar a essa realidade", alerta o superintendente de Operação da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), João Henrique de Araújo Neto.

Projeções do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) mostram que, se não voltar a chover na região, Sobradinho deve atingir, em meados de dezembro, o volume morto - reserva de água abaixo do ponto de captação que representa 15% da capacidade total do reservatório. Se isso ocorrer, a usina hidrelétrica, que já opera com menos de 20% de sua capacidade, deixaria de operar. Segundo o ONS, contudo, não há risco de racionamento, pois é possível usar fontes alternativas, como térmicas e eólicas, e transferir energia de outras regiões por meio de linhas de transmissão. 

Atualmente, as hidrelétricas representam 33% da energia gerada no Nordeste. A iminência do nível zero preocupa produtores de frutas do perímetro irrigado Nilo Coelho, em Petrolina (PE) e Casa Nova (BA), que têm produção anual de R$ 1,1 bilhão. O sistema atual retira água diretamente do reservatório, mas não é preparado para funcionar abaixo do volume morto. Para permitir o aproveitamento dessa água, a Codevasf, estatal ligada ao Ministério da Integração, iniciou em setembro obras de instalação de bombas flutuantes e construção de um canal de captação, com conclusão prevista para 15 de dezembro. "Se chegar a esse limite e as obras não estiverem prontas, a irrigação para. Se parar, deixa de atender 2.322 produtores, além de 130 mil pessoas que usam água do sistema para consumo", afirma Paulo Sales, gerente-executivo do Distrito de Irrigação Nilo Coelho. 


Para manter mais água na represa, a ANA (Agência Nacional de Águas) já autorizou a redução da vazão de Sobradinho de 1.300 m³/s para 900 m³/s - e avalia reduzir ainda mais, para 800 m³/s. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Anivaldo Miranda, critica a redução. "Os impactos ambientais são terríveis, como o assoreamento do leito, a erosão das margens e a água salina que avança na foz do rio", criticou. Uma das principais preocupações é o consumo humano. Com a vazão menor, o nível da água baixou, exigindo adaptações nos sistemas de captação. Em Remanso (BA), por exemplo, a água já recuou seis quilômetros. "As prefeituras estão tendo custo maior para bombear. Em algumas cidades, ainda captam do mesmo lugar, onde só tem uma poça de água barrenta", disse Silvana Leite, membro do comitê gestor do lago de Sobradinho. 

Navegação interrompida

A seca prolongada no São Francisco também afeta a pesca, com a redução de espécies, como o surubim, e a navegação. A última empresa que realizava transporte de cargas deixou de operar em abril de 2014, devido à seca e ao assoreamento do rio. Hoje, até pequenas embarcações precisam fazer desvios para não encalhar. Esperada para começar em novembro, a temporada de chuvas no São Francisco deverá atrasar, segundo meteorologistas, devido ao fenômeno El Niño - o superaquecimento das águas do Pacífico que provoca redução das chuvas no Nordeste.

Integração Nacional entrega 528 projetos de irrigação em Juazeiro

Os projetos ajudam a reduzir o consumo de água e de energia e a preservar o meio ambiente no município baiano


O Ministério da Integração Nacional entregou nesta semana 28 projetos de irrigação a produtores de Bebedouro, Curaçá, Maniçoba e Tourão, localizados no polo em torno de Juazeiro (BA) e de Petrolina (PE). Os objetivos são a redução do consumo de água e de energia e a preservação do meio ambiente nos perímetros irrigados da região.
Elaborados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), os projetos ajudam a reduzir o consumo de água e de energia e a preservar o meio ambiente por meio da conversão dos sistemas de irrigação.
A entrega ocorreu na abertura do IV Workshop de Irrigação e I Simpósio Nordestino de Engenharia Agrícola, em complexo de eventos da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) em Juazeiro. O evento termina nesta quinta-feira (29).
Metodologia
Os projetos são baseados na metodologia do perímetro de Mandacaru, localizado em Juazeiro (BA), o primeiro totalmente convertido de irrigação por sulcos para irrigação localizada. A metodologia é calcada na eficiência da aplicação de água e do consumo de energia, baseados em análises obtidas a partir da substituição de sistemas de irrigação por gravidade por sistemas pressurizados.
Além de diminuir o consumo de água e de energia, também garante maior oferta de alimentos ao longo do ano e melhores resultados econômicos para o agricultor irrigante. Segundo o Ministério da Integração Nacional, em 2014, o projeto Mandacaru registrou redução de 50% no consumo de água, de 30% nos cursos de energia e aumento médio de 100% de produtividade e de 40% da área anual média cultivada.
Para o secretário Nacional de Irrigação, Antônio Carvalho, a necessidade de ampliação da tecnologia de irrigação no País tem ligação direta com a otimização do abastecimento de água. "O sistema a ser implementado utiliza pouca água, mas suficiente para a contínua produção de gêneros agrícolas. Ao replicar a tecnologia desenvolvida no Projeto Mandacaru, será ampliada a eficiência do uso da água na irrigação", destacou.

Fonte: http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2015/10/integracao-nacional-entrega-528-projetos-de-irrigacao-em-juazeiro