Robson Duarte Barreto
O São Francisco é o terceiro maior rio do Brasil, com nascentes na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e percurso de 2.696 km até a sua foz no Oceano Atlântico, na divisa de Alagoas e Sergipe (ANA, et al., 2004 apud GONDIM FILHO, et al., 2012). Sua bacia hidrográfica ocupa 8% do território nacional (638.576 km2), estendendo-se pelos estados de Alagoas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe e o Distrito Federal. Engloba 503 municípios, dos quais 451 têm sede na bacia. A maior parte da área da bacia hidrográfica do São Francisco encontra-se nos estados da Bahia (48,2%) e de Minas Gerais (36,8%) (GONDIM FILHO, et al., 2012).
O São Francisco é o terceiro maior rio do Brasil, com nascentes na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e percurso de 2.696 km até a sua foz no Oceano Atlântico, na divisa de Alagoas e Sergipe (ANA, et al., 2004 apud GONDIM FILHO, et al., 2012). Sua bacia hidrográfica ocupa 8% do território nacional (638.576 km2), estendendo-se pelos estados de Alagoas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe e o Distrito Federal. Engloba 503 municípios, dos quais 451 têm sede na bacia. A maior parte da área da bacia hidrográfica do São Francisco encontra-se nos estados da Bahia (48,2%) e de Minas Gerais (36,8%) (GONDIM FILHO, et al., 2012).
O município de Piaçabuçu-AL, último da margem esquerda, situa-se entre o
oceano Atlântico e o São Francisco, que o presenteia com o conjunto de belas
praias fúlvio-marinhas. É conhecido como a "Capital Alagoana das
Palmeiras".
Figura: 1
Foto: BARRETO, 2014.
A vegetação entre a divisa de Alagoas
e Sergipe é de manguezal (nas partes sob influência da água do mar), vegetação
de restinga, vegetação típica de lagoas de água doce, campos limpos e campos
sujos. Observou-se que uma parte substancial deste ecossistema ainda está
preservado.
O povoado de Cabeço, no lado sergipano, localizado em ilha na foz do São
Francisco, experimentou os efeitos mais devastadores da erosão marinha. Em
poucos anos, o mar invadiu casas e construções da comunidade pesqueira, que
tinha 400 moradores. Segundo o guia de nossa excursão, o processo erosivo
começou a partir do ano 1994 e a completa evacuação do povoado foi concluída no
ano 2000. A perda da vila provocou grande efeito psicológico nos moradores que
perderam suas casas. A erosão começou a acontecer vagarosamente, porém, em dois
anos aumentou sua intensidade. De início eram poucas casas atingidas, mais
tarde, um número maior de casas passou a ser alcançada, inclusive a Igreja de
São Francisco, com extrema rapidez fazendo com que todo o povoado saísse da
localidade.
Os moradores que perderam suas casas e foram realocados em um
assentamento chamado Samarém, localizado cinco quilômetros rio acima
prejudicando, desta forma, a comunidade do Cabeço que vivia da pesca. Da vila
só sobrou o velho farol do século 19 (Figura 2), que ficava em terra e hoje
está a dezenas de metros da costa.
Figura: 2
Foto: BARRETO, 2014.
O
desequilíbrio ambiental ocorrido nesta região foi devido à construção da Usina
Hidrelétrica de Xingó, que reduziu a vazão do rio São Francisco permitindo, desta
forma, que o mar empurrasse as águas adentrando em áreas, antes não atingidas.
Hoje é possível ver a presença de plantas, como o “Avencão” (Figuras 3) e o manguezal em
áreas caracterizando aumento da salinidade.
Figura: 3
Foto: BARRETO, 2014.
A (Figura 4) mostra a margem norte da foz do São Francisco. A consequência foi o acúmulo de sedimentos,
como mostra a foto, que aumentam a cada dia empurrando a força do mar que
avança sobre o rio. Sobre a margem direita, local onde existia a comunidade.
Figura: 4
Foto: BARRETO, 2014.
A
(Figura 4) mostra a foz que já apresenta pouca profundidade em virtude dos
sedimentos que se acumulam por causa do impacto entre a força do rio e a
corrente proveniente do mar. O Farol foi a única peça que sobrou da ação
erosiva do mar. O
processo erosivo provocado pelo avanço da água salgada, que se estende pela
margem do São Francisco, em áreas que há alguns anos eram utilizadas para o
plantio de arroz.
Com
o desmatamento da mata ciliar, não há barramento contra as chuvas que arrastam
sedimentos e plantas para as áreas mais profundas do rio, criando desta forma,
áreas de impacto que impedem os sedimentos de passar formando novas ilhas.
Observa-se na (Figura 5) a
formação de ilhas devido ao acúmulo de sedimentos sobre os quais a vegetação se
desenvolve rapidamente.
Foto: BARRETO, 2014.
A (Figura 6) mostra um dos pontos de desmatamento e assoreamento que
vai se estendendo para o leito do rio favorecendo o acúmulo de sedimentos que
descem junto às margens provocando o estreitamento do canal.
Figura: 6
Foto: BARRETO, 2014.
A erosão na
foz do São Francisco é considerada marinha. A constante direção
dos ventos de SE a NW e os movimentos das marés contribuíram para o cenário atual.
O assoreamento visto, nos pontos muito próximos a foz e a alguns
quilômetros, era um indicador de que a mata ciliar havia sofrido erradicação ao
longo da bacia hidrográfica. Consequência da ação antrópica às margens
do rio ao longo dos últimos séculos.
Sabe-se que sem
a proteção da mata galeria ou ripária, a erosão leva a terra para dentro do
rio, tornando-o barrento, dificultando a entrada de luz solar e assim,
prejudicando a vida dos organismos que servem de alimento para os peixes,
podendo ocasionar a morte de várias espécies. Além disso o rio perdeu ao longo do tempo competência em transportar os sedimentos até foz.
Para iniciar o processo de revitalização faz-se
necessário: Levantamento das áreas degradadas; Selecionar as áreas a serem
beneficiadas com o plantio de mudas nativas; Desenvolver atividades voltadas à
educação ambiental; Reconstituir suas margens com espécies vegetais do ambiente
fluvial; Respeitar uma extensão específica, de acordo com a largura do rio, e
as nascentes; Cobrar dos representantes do Poder Público Federal o cumprimento
das Leis Ambientais.
Na bacia do rio São Francisco deixa transparecer a necessidade
de um maior amparo de políticas públicas voltadas para a gestão ambiental.
Referências
GONDIM FILHO, Joaquim Guedes
Corrêa ; FIOREZE, A. P.; MENDONÇA, B. C. de Sá; PINTO, C. G.; COIMBRA, M.
R. S. C. A Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco: usos, balanço hídrico, gestão e desafios. In: A Questão da Água no
Nordeste. Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, Agência Nacional de
Águas. – Brasília, DF: CGEE, 2012. p.; il, 24 cm
Disponível em: http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/Catalogo/2012/aQuestaoDaAguaNoNordeste.pdf