domingo, 2 de agosto de 2015

Desmatamento e poluição deixam leito do Rio São Francisco assoreado

Do Alto São Francisco, em Minas, ao nordeste, passando por Sobradinho, efeito do desmatamento e da poluição é visível no leito assoreado, onde bancos de sujeira se multiplicam e a vida definha

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Fornos de carvão diante de uma das plantações de eucalipto na região da Bacia do Velho Chico: cerrado derrubado alimentou siderúrgicas e terrenos desmatados deram lugar a monoculturas e à criação de gado

     Abaeté, Barra (BA), Felixlândia, Paraopeba, Pompéu, São Gonçalo do Abaeté e Três Marias – A visão do Rio São Francisco se abrindo em águas escuras diante da proa do barco, até onde o olho alcança, é um alívio para o pescador Norberto dos Santos, de 65 anos. Minutos antes, ele percorria, com as narinas ardendo, as águas malcheirosas e turvas do Córrego Barreiro Grande, afluente do Velho Chico, para mostrar o lixo e o esgoto que descem sem tratamento pela correnteza, gerados pelos 30.600 habitantes da cidade de Três Marias. Como é um dos mais experientes navegadores da região, o pescador conhece atalhos no rio e pilota em uma área por onde despontam da água folhagens e aguapés. Em uma das manobras, porém, o barco para, em um tranco. Confuso, depois chateado, o pescador constata que o acúmulo de lixo, e sedimentos criou mais uma ilha de detritos no meio do curso d’água e fez a “voadeira” encalhar. Uma situação que se repete em diversos trechos, sobretudo no Alto Rio São Francisco, onde pesquisa inédita encomendada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) mostra que quase 60% da cobertura vegetal foi removida, permitindo que os sedimentos do solo desprotegido sejam levados pela chuva para dentro da calha.
     O assoreamento reduz ainda mais o volume de águas disponíveis para o rio como um todo e, de acordo com o comitê, teve impacto ainda maior com a redução dos reservatórios de Três Marias e Sobradinho (BA). No lago do interior da Bahia, o recuo de mais de 5 quilômetros das águas expôs as ruínas da antiga Remanso, inundada em 1974. Da cidade de que se despediram os compositores Sá e Guarabyra na música Sobradinho (“Adeus, Remanso, Casa Nova, Sento-Sé, adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir”), ressurgiram no meio do sertão duas caixas d’água e estruturas de casas e edificações, denunciando a gravidade da estiagem. Em Três Marias, o aposentado Mahmud Lauar, de 80 anos, que se instalou às margens do lago no ano de sua criação, em 1958, diz nunca ter visto tão pouca água chegando à represa. “Os peixes estão acabando. Tem dias que só sobra para dar de comida à minha companheira de pescaria, esta garça, que chamo de Come Quieta”, afirma, indicando o pássaro.
     O pescador Norberto é um dos mais antigos da colônia de Três Marias e, por conhecer o São Francisco há 54 anos, transformou-se em um dos embaixadores do rio em congressos no exterior. Suas palavras mostram um drama vivido em várias partes do Velho Chico. “A culpa não é só da poluição. O desmatamento das barrancas, das matas ciliares e das florestas também vai acabar com o rio, porque a chuva traz esse sedimento todo para cá. O rio está ficando raso e cheio de bancos de sujeira, pneus e terra”, lamenta. De acordo com estudo da Nemus Consultoria, que atualiza o Plano de Recursos Hídricos do Velho Chico, 59% das áreas vegetais nativas do Alto São Francisco (da nascente até Três Marias) já foram devastadas. “O desmatamento (em toda a bacia) cresce a cada dia e está em mais de 47%, sendo que a região do Baixo São Francisco aparece como a área mais desmatada”, afirmou o mestre em geografia agrária Sílvio Machado, na apresentação dos dados.
     A impressão de Norberto, que muitos apelidaram carinhosamente de “Velho do Rio”, ganha amparo na visão de especialistas. “Boa parte do desmatamento se deveu ao ciclo do carvão. Cortaram-se as matas para se obter carvão para a produção de ferro-gusa nas siderúrgicas de Sete Lagoas e região. Hoje, o efeito disso é a abertura de espaços para a criação de gado e a expansão do eucalipto”, afirma o coordenador do Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios (LGAR) do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Ricardo Mota Pinto Coelho. “O solo desprotegido, desmatado, desaba na beira do rio ou é levado pelas enxurradas para dentro do São Francisco. Assim ocorre o assoreamento”, reforça.
     CORTINA VERDE
 Para encontrar essas clareiras abertas na vegetação nativa é preciso conhecer as técnicas dos desmatadores. Observando as imagens de satélite com auxílio de especialistas, o Estado de Minas identificou vários pontos de corte. A tática consiste em abrir uma trilha mata adentro e iniciar a derrubada de árvores sempre deixando uma camada externa de vegetação, para dificultar que a fiscalização encontre o desmatamento.
     Protegido por esse tipo de cortina verde, a equipe do EM encontrou um grande ponto de corte de espécimes nativas no município de Paraopeba, no Alto São Francisco, a apenas 10 quilômetros da BR-040 (BH–Brasília). Depois de passar por uma sequência de fazendas e roças, chega-se ao local, uma clareira de 6 hectares – equivalente a seis campos de futebol – aberta para servir de pastagem ao gado depois que a madeira foi removida. De acordo com os trabalhadores rurais que pastoreavam no local, o cerrado derrubado virou carvão há dois anos. A passagem para a clareira é por um represamento feito em um córrego. As águas do manancial recebem todos os sedimentos carreados pelas chuvas na área descoberta de mata, chegando inevitavelmente à Bacia do Rio São Francisco.
     A devastação é observada em vários outros pontos ao longo da bacia, como em Abaeté, Pompéu, São Gonçalo do Abaeté e Felixlândia, mas também no Médio São Francisco, entre Minas e a Bahia. “Com o desmoronamento das barrancas, percebemos que o rio se torna mais largo e menos profundo. Seria necessário um programa extenso de reflorestamento, que deveria ocorrer dentro do programa de revitalização do Rio São Francisco, que o governo federal praticamente abandonou”, afirma o bispo de Barra, na Bahia, frei Luiz Cappio. No próprio município baiano, essa devastação é nítida. Tanto que, no antigo porto para as balsas que são a única forma de travessia para carros na região, o desmoronamento destruiu as rampas de concreto e ameaça as linhas de transmissão de energia elétrica.


Córrego Barreiro Grande carrega o esgoto dos 30 mil habitantes de Três Marias até o leito do Velho Chico

Verba para a revitalização do São Francisco é insuficiente e só parte dela foi liberada

Minas, que produz 70% da água da bacia, é o estado que mais demanda recuperação. Enquanto isso, assoreamento engole trechos inteiros do rio e mancha de algas tóxicas se estende por 28 quilômetros do leito

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Assessoria de Imprensa do Comite de Bacia do Rio Sao Francisco/Divulgacao
Nas proximidades da hidrelétrica de Xingó (AL), recuo da água deixou um tapete escuro de algas, as mesmas que contaminam o leito

     Cabrobó (PE), Salgueiro (PE), Barra (BA), Casa Nova (BA), Abaeté, Pompeu, São Gonçalo do Abaeté e Três Marias – A revolta do bispo de Barra, frei dom Luiz Cappio, com a falta de recuperação do Rio São Francisco antes da obras de transposição se apoia em um quadro sombrio. Não apenas a revitalização deixou de ser implantada nas cabeceiras, que concentram 70% da água da bacia, em terras mineiras, como o Velho Chico hoje morre de sede em locais antes inimagináveis. A seca que sobe o curso se alastrou pelas maiores represas da bacia – Três Marias e Sobradinho (BA) –, prejudicando a pesca, a piscicultura e quebrando as safras. O assoreamento soterrou tantos trechos do leito que há pontos em que não se atravessa mais de barco. Entre as represas de Paulo Afonso (BA) e Xingó (AL), os baixos níveis de água associados à poluição e à manobras nas hidrelétricas propiciaram o aparecimento de uma mancha de algas tóxicas com 28 quilômetros de extensão e sete metros de profundidade, que deixou sem abastecimento as torneiras de oito municípios do sertão alagoano.
     A promessa de despoluição e revitalização feita pelo governo federal reservou R$ 2,3 bilhões para ações de reflorestamento, tratamento de esgoto e contenção de processos erosivos. O montante corresponde a pouco menos de 28% dos R$ 8 bilhões necessários, segundo cálculos de integrantes das câmaras consultivas do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). O sucesso dessa ação poderia ter amenizado os efeitos da seca dos últimos três anos ao longo da bacia. Porém, desde 2008, apenas 1,7 bilhão foi investido em intervenções de recuperação ambiental pelo Ministério da Integração, segundo informações da própria pasta. O valor médio é de R$ 243 milhões por ano, considerado irrisório por ambientalistas, especialistas em hidráulica, biólogos e membros do CBHSF.
     Para Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, de revitalização do Rio das Velhas, um dos principais afluentes do Rio São Francisco, a prioridade claramente foi dada à transposição. “Os gastos com revitalização do São Francisco foram praticamente inexistentes”, afirma. O ambientalista destaca ainda que os recursos, além de insuficientes, vêm sendo mal empregados. “A maioria dessas ações são obras puramente sanitárias, que não respeitam critérios como os pontos mais críticos da bacia, mas sim questões políticas, como quais são os aliados políticos mais interessantes para se direcionarem os recursos.”
     Para o coordenador do Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Ricardo Mota Pinto Coelho, a revitalização serviu apenas de chancela para engrenar a transposição. “Promessas como essa (de despoluir e revitalizar o Velho Chico) vêm sendo feitas nos últimos 100 anos, mas não se faz nada. O que temos visto é a drenagem das lagoas marginais, que servem de berçário aos peixes, a introdução de espécies exóticas e projetos difusos, que gastam sem eficácia.”
     O próprio presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, concorda que para o Rio São Francisco atravessar as estiagens históricas – que, segundo ele, tendem a se repetir devido às mudanças climáticas –, seria necessário investir em ações de revitalização. “O Rio São Francisco precisa de mais água. É uma situação muito grave, sobretudo em Minas Gerais, onde se concentra boa parte da produção dessa água”, disse. Há também, afirma, outras questões que precisam ser trabalhadas, como o combate ao desperdício dos usuários. “Uma medida importante, por exemplo, seria a substituição de processos de irrigação, que são ineficientes em quase todo o território. É necessário também construir mais reservatórios, para guardar água e minimizar chuvas intensas”, pontua.
     Já o Ministério da Integração considera parte do Projeto de Integração do São Francisco – que é como a pasta chama a transposição – as obras de política continuada e até intervenções de responsabilidade legal dos municípios que assinam convênios, como obras de saneamento. Esse cálculo elevaria a cifra gasta nessa área específica em cerca de R$ 34 bilhões, investidos desde 2008 em projetos que, segundo a pasta, beneficiaram a bacia do Rio São Francisco, como a construção de adutoras, canais, barragens e poços, incluindo as obras de revitalização que envolvem fornecimento de água, esgotamento sanitário, ligações intradomiciliares, controle de processos erosivos, gestão de resíduos sólidos, preservação de nascentes e matas ciliares.
     “O compromisso assumido desde 2008 pelo governo federal foi de realizar obras de infraestrutura hídrica em toda a região do semiárido, para garantir segurança na oferta de água para a população.” O investimento total na transposição, segundo o ministério, é de R$ 8,2 bilhões. “Destes, aproximadamente R$ 1 bilhão são para ações socioambientais”, informou a pasta, por meio de nota. Adicionalmente, segundo o texto, “estão em curso obras de saneamento em municípios que estão na área das bacias hidrográficas que compõem o Rio São Francisco, que vão contribuir com a preservação e a revitalização do rio, por diminuir o lançamento de esgoto e resíduos e o assoreamento de seu leito”. Essas obras estão sob responsabilidade dos ministérios das Cidades e da Saúde.


A Proposta
  • A transposição tem justificativa de garantir a segurança hídrica para 12 milhões de pessoas em 390 municípios no Nordeste Setentrional (Pernambuco, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba);
  • O custo estimado é de R$ 8,2 bilhões e o término das obras está programado para 2016;
  • A água retirada do São Francisco será injetada por meio de bombeamento em 477 quilômetros de canais e leitos de rios;
  • O empreendimento prevê a recuperação de 23 açudes e construção de 27 reservatórios, capazes fornecer 6 mil litros de água por segundo;
  • Segundo o governo federal, as obras estão em andamento e serão entregues a partir deste 
ano, com previsão de término em 2017;
  • O empreendimento apresenta, sete anos depois de iniciado com pelo menos quatro anos de atraso, 74,5% de execução física.
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TRANSPOSIÇÃO DE PROBLEMAS: Pequenos produtores não têm como retirar água dos canais gigantescos do São Francisco

Pequenos produtores, que segundo o discurso oficial estariam entre os principais beneficiados pela transposição do São Francisco, hoje não têm como retirar água dos canais gigantescos. Outros sofrem com o recuo de lagos sugados pela pior estiagem em 84 anos, como ocorre em Três Marias

     Cabrobó (PE), Salgueiro (PE), Casa Nova (BA), Abaeté, Pompeu, São Gonçalo do Abaeté e Três Marias – As cabras que perambulam pela propriedade do agricultor pernambucano Francisco Alves Leite, de 60 anos, já comeram tudo o que restou do milho ressecado e das melancias murchas, que ele tinha plantado. Sem água, todo o cultivo de um hectare morreu no pé e os brotos viraram ração. “Ainda tenho água de chuva no açude por mais dois meses... Quando acabar, vai ser só Deus”, lamenta o agricultor. Por suprema ironia, graças à obra de transposição do Rio São Francisco, a água do Córrego Mulungu, que era usada para irrigar as propriedades vizinhas, foi parar no Canal Norte do projeto, que corta a propriedade do agricultor no município de Salgueiro (PE). “Não temos motor ou bomba elétrica para tirar a água do canal, que tem mais de 20 metros (de profundidade). Estamos perdendo nossa plantação e as criações pela seca, enquanto o canal está cheio de uma água que ninguém usa”, reclama.
     A calha do Rio São Francisco ainda está longe do canal que passa pela terra do agricultor, mas sua situação é emblemática, por enfrentar a seca à beira de uma transposição cuja execução se deu sob a justificativa de levar água ao sertanejo e ao mesmo tempo investir em ações para despoluir e revitalizar o Velho Chico – como foi prometido pelo governo federal em 2005. Pelo menos quatro anos atrasada, a transposição trouxe por enquanto apenas a sede. Nesse meio tempo, a bacia sofre com a seca mais calamitosa dos últimos 84 anos, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA). Segundo os últimos dados do IBGE, de 2013 e 2012, sobre os municípios pernambucanos de Cabrobó, Floresta e Salgueiro – onde há água acumulada nos canais – sete dos oito cultivos predominantes (banana, coco-da-baía, cebola, tomate, manga, maracujá e melancia) apresentaram queda de produtividade.
     Uma crise completa, que abrange das nascentes do Rio da Integração Nacional, que chegaram a secar na Serra da Canastra, em Minas Gerais, até a foz, em Piaçabuçu (SE), onde o avanço da água do mar leito adentro já chega a mais de 20 quilômetros. “Vemos que a crise é grave quando olhamos para a região do Alto São Francisco, em Minas Gerais, de onde vêm 70% das águas da bacia, que sofrem com assoreamento e níveis baixíssimos de mananciais”, alerta o secretário do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Maciel Oliveira.
Na bacia mineira do Velho Chico, a seca é tão intensa que o Lago de Três Marias, na Região Central de Minas, chegou a 2,8% de seu volume útil em outubro do ano passado. Neste mês, está em 37%. Sem alcançar mais as águas que usavam para irrigar seus cultivos, os agricultores vêm perdendo suas safras desde o início da estiagem prolongada, em 2013. Das oito principais lavouras de municípios do entorno, cinco (arroz, feijão, mandioca, maracujá e melancia) apresentaram retração no comparativo com 2012, ano de chuvas abundantes.
     Até o abastecimento público foi prejudicado com as manobras de retenção e liberação de água do reservatório, realizadas a favor da regulação do lago de Sobradinho, entre a Bahia e Pernambuco. “A situação foi ao limite. A população de Pirapora (de 56 mil habitantes, no Norte de Minas) ficou sem água, e esse perigo ainda não foi afastado. Estamos agora investindo em ações para saber quais as dificuldades e necessidades das populações ribeirinhas em caso de nova seca prolongada”, afirma a presidente do Comitê da Bacia do Entorno da Represa de Três Marias, Silvia Friedman.
     O drama dos produtores que dependem do lago de Três Marias é também vivido pelos que cultivam em Sobradinho, reservatório que atualmente opera a 22% de seu volume útil. De acordo com o último levantamento da produção agrícola do IBGE, entre 2013 e 2012, das 14 culturas principais plantadas naqueles municípios, nove (banana, goiaba, limão, manga, cebola, mandioca, melancia, melão e tomate) sofreram quebra de safra.
     Ao ver as melancias se perdendo na roça no município baiano de Casa Nova, o olhar de desânimo do lavrador Joildo Narcisio dos Santos, de 50, espelha o do pernambucano Francisco, que passa sede à beira do canal da transposição. Os dois viram suas roças dos mesmos frutos murcharem por falta de água para irrigação. Mas, no caso do baiano, o recurso está a mais de cinco quilômetros, a distância que o lago de Sobradinho fica agora de sua plantação. “Não vem mais água do céu e parece que não chega mais água no rio. Debaixo deste sol, a melancia não ‘encheu’. Para não perder tudo, soltamos os bodes na roça para pastar”, afirma Joildo. Situação tão dramática quanto a dos últimos anos, ele diz nunca ter vivido. “Como pode a gente estar morrendo de sede na beira de um mundaréu de água destes?”, indaga.
     A situação precária do rio lança mais críticas ao projeto de transposição. Segundo Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão – de revitalização do Rio das Velhas, um dos principais afluentes do Rio São Francisco –, um dos motivos para isso é justamente o fato de não haver planos para auxiliar o sertanejo que verá a água passando em canais bem à sua frente, mas continuará convivendo com a sede. “Já não há água para as atividades rotineiras na bacia, e isso não está sendo resolvido. Vai-se sacrificar ainda mais o rio, para eventualmente as barragens no Ceará e Piauí concentrarem uma água que dificilmente chegará aos consumidores, mas estará disponível para o agronegócio”, acusa.
Fonte: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/05/31/interna_gerais,653262/pequenos-produtores-nao-tem-como-tirar-agua-dos-canais-do-sao-francisc.shtml