quarta-feira, 8 de abril de 2020

Rio São Francisco: pescadores e moradores do bairro Angari se preparam para "enchente" do Velho Chico


Em meio ao manto de notícias tristes que marcam os meios de comunicação nos últimos 30 dias desde que foi decretado estado de pandemia, devido o coronavírus, nesta quarta-feira (8), a informação do aumento da vazão da Barragem de Sobradinho, Bahia,  fez os ribeirinhos 'abrir um sorriso' e também ficar alerta.
Dentre todos os estados por onde passa, é na Bahia que o Rio São Francisco percorre o maior trecho. Juazeiro é um dos municípios que a partir desta quarta-feira (8), começa a sentir o aumento das águas do Opará (Rio que é mar na lingua indígena).
A redação da redeGN visitou pescadores e moradores do bairro Angari. A maioria já se prepara para o que eles denonimam "a enchente do Velho Chico", o retorno normal de sua correnteza. A dona de casa Anita dos Santos disse que no bairro Angari onde moram, nas margens do Rio todos devem ter a "conscientização de que o controle de cheias exercido pelas barragens e reservatórios, é limitado".
De acordo com Anita "depois de anos de seca a estátua do Nego D'água vai ter água em sua volta. Já assistimos outras cheias e os problemas são os mesmos, mas as alegrias são maiores". Dona Anita se refere a baixa do Rio São Francisco, causada por uma das piores estiagens dos últimos 100 anos, em Juazeiro, norte da Bahia, que fez a escultura "Nego D’Água" aparecer na superfície da areia, quando antes ficava sob a água. A estrutura tem 12 metros de altura.
A Chesf informou que a partir desta quarta-feira (08) a defluência na barragem de Sobradinho vai sair dos 800m3 para 1.000m3 e na sequência, já nas primeiras horas da quinta-feira (09), para 1.400m3.  
Na nota a Chesf alertou para riscos de alagamento de áreas ocupadas em trechos considerados como “calha principal”. “É fundamental chamar atenção para o fato de que a depender das condições de atendimento ao SIN, poderá ocorrer a necessidade de aumento de geração da UHE Xingó acima dos valores supracitados. Neste sentido, evidencia-se fortemente a importância da não ocupação de áreas ribeirinhas situadas na calha principal do rio”, alertaram.
A redação da redeGN também conversou com o pescador Antonio Gonçalves dos Santos. Aposentado, ele é pescador amador, diz que acompanha de perto o dia a dia do rio e agradece a Deus a importância da enchente para o rio, meio ambiente e para os profissionais que dependem do Rio São Francisco.
“Fazia sete anos que não tinha enchente no rio e graças a Deus esse ano deu enchente. Nós que somos pescadores ficamos muito felizes com as chuvas e com essa enchente porque agricultores e pescadores, muita gente depende do rio. Com a cheia, muitos peixes se reproduzem, e isso é muito bom pra nós pescadores”, finalizou.
Na região de Juazeiro e Petrolina a vazão subindo atinge as prainhas situadas nas margens do Rio, além da Ilha do Rodeadouro e Ilha do Fogo.

Aumento da vazão no rio São Francisco deve permanecer até fim de maio

Em reunião realizada por videoconferência, coordenada pela Agência Nacional de Águas (ANS), com a participação da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade, Sedurbs, através da Superintendência de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, Serhma, e da Companhia de Abastecimento de Sergipe, Deso, e de órgãos públicos dos estados da Bahia e Minas gerais, ficou decidido que a vazão da Usina Hidrelétrica de Xingó será mantida em 1.300 m3/s durante os meses de abril e maio, já que a previsão é de Sobradinho atingir 98% do volume útil no final de maio de 2020.
A medida foi adotada no último domingo, 5, pela Chesf, com a operação de elevação da vazão do Reservatório de Xingó para o patamar diário de vazão média de 1.300 m³/s, 500 m³/s a mais do que a média dos meses anteriores, que era de 800 m³/s.
Segundo o superintendente da Serhma, Ailton Rocha, essa nova vazão é muito benéfica para o Baixo São Francisco. “Isso irá proporcionar a recuperação da biodiversidade no Baixo São Francisco e reduzir a turbidez da água ocasionada pela vazão incremental, oriunda principalmente do rio Ipanema”, explicou. O superintendente da Serhma disse ainda que a medida de aumentar a vazão do São Francisco proporcionou uma melhoria na qualidade da água da região.
O Governo de Sergipe, por meio da Sedurbs, orienta a população que tem construção irregular as áreas ribeirinhas, situadas na calha principal do rio, para deixar o local já que pode haver inundação. “A Defesa Civil do Estado já orientou as Defesas Civis Municipais da região do Baixo São Francisco para a necessidade de escoamento de ribeirinhos onde a água pode atingir com o aumento da vazão”, explica o diretor do órgão, Cel. Alexandre José que também tranquiliza a população em relação a entrada de água nas cidades. “É importante ressaltar que isso não significa dizer que essa vazão vai adentrar as áreas urbanas. Não há risco de inundação nas cidades, porque os municípios ribeirinhos são altos em relação ao nível do rio. Mas, é importante observar os habitantes próximos às regiões que construíram em local onde já foi leito do rio”, explica.

Fonte: https://infonet.com.br/noticias/cidade/aumento-da-vazao-no-rio-sao-francisco-deve-permanecer-ate-fim-de-maio/