domingo, 8 de outubro de 2017

Estudo revela que leito do rio São Francisco recebe 23 milhões de toneladas de sedimentos por ano

Na prática, é como se a cada ano um milhão de carretas de detritos fossem lançadas na água


São Francisco, Pedras de Maria da Cruz, Januária, Bonito de Minas, Manga, Matias Cardoso e Jaíba – Dois mil e novecentos quilômetros de leito em uma bacia hidrográfica que irriga uma área quase igual à da França, abastecendo perto de 13 milhões de pessoas. Os números superlativos do Rio São Francisco combinam com seu passado de fartura. Época em que por suas águas circulavam grandes vapores, apitando enquanto rasgavam a correnteza levando mercadorias e pessoas. Com o tempo, o leito foi minguando, sendo sugado de um lado, aterrado de outro, poluído por todos. Tanto que a história do chamado Rio da Integração Nacional desaguou a um ponto em que, hoje, até a passagem de pequenas canoas é difícil em certos trechos. 

Agredido século após século, em seu lento curso de agonia o Velho Chico chegou a 2017 com o mais baixo volume em seu 516 anos de história, que se completam em 4 de outubro. O aniversário de seu descobrimento pelo navegador Américo Vespúcio  encontrará o manancial enfrentando uma espécie de sentença de morte, executada enquanto seu curso é literalmente soterrado com reflexo de ações humanas.

(foto: Arte/EM/D.A Press)


Os números desse assassinato progressivo e contínuo saltam de estudo inédito realizado pelo Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos e pela Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Entre outros, o trabalho revela um dado assombroso, que traduz em números algo que sempre se percebeu na prática: o leito do rio recebe por ano nada menos que 23 milhões de toneladas de sedimentos, da nascente na Serra da Canastra, em Minas, à foz no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe. Na prática, é como se a cada ano um milhão de carretas de detritos fossem lançadas na água. Para fazer frente a essa realidade, o estudo propõe outras medidas controversas, que incluem a transposição de águas de outras bacias – enquanto não terminou sequer a polêmica sobre a transposição do próprio São Francisco.


Estado de Minas teve acesso com exclusividade ao diagnóstico, fruto de um ano de levantamentos, que apontam que o soterramento do Velho Chico tem como uma das principais causas a ação humana, especialmente o desmatamento, que desencadeia uma série de outras consequências, em efeito cascata (veja arte). “A taxa de erosão de cada uma das fontes de orçamento sedimentar tem sido impactada pelas modificações humanas da paisagem, que levaram a um aumento geral na produção de sedimentos”, diz um dos trechos do relatório.



De posse do estudo inédito, a equipe do EM verificou de perto a situação dramática do São Francisco em diferentes pontos e percorreu de barco suas águas, conferindo o quanto o leito está assoreado, tomado por bancos e ilhas de areia, em uma situação que assombra milhares de pessoas que dele dependem. O Pantanal do Rio Pandeiros, considerado o berçário da bacia, também sofre intenso processo de degradação, alimentado por desmatamento e erosão.



Em outro ponto, no Projeto Jaíba, considerado o maior sistema de irrigação da América Latina, pequenos produtores que dependem diretamente do São Francisco reclamam, preocupados, da proibição de captação de água no rio uma vez por semana. O chamado “Dia do Rio” é uma medida determinada pela Agência Nacional de Águas (ANA) para evitar que a vazão diminua ainda mais. A rigor, trata-se da primeira ação de racionamento da água da história no canal principal do Velho Chico, reduzido pelo número excessivo de outorgas para a captação de água e também pelo secamento dos seus afluentes.

(foto: Arte/EM/D.A Press)


MODELO MATEMÁTICO 

O estudo sobre o transporte de sedimentos para o São Francisco produzido com o auxílio de engenheiros do Exército americano considerou dados relativos a tipos de solo, uso e ocupação de terrenos, topografia, clima (volume de chuva, temperatura, umidade relativa, radiação solar e vento) e vazão dos rios da bacia. De acordo com a Codevasf, o objetivo foi verificar a origem do maior aporte de sedimentos no sistema, ou seja “descobrir se o aporte é causado por desmoronamento de margens ou pelo assoreamento dos afluentes”. “O resultado mostrou que o assoreamento é proveniente da área produtiva, e não das margens”, revela a entidade.


O levantamento foi feito com base em um modelo matemático que leva em consideração diferentes fatores, entre eles a formação de ilhas e depósitos de areia no leito. “No geral, o modelo calcula que aproximadamente 23 milhões de toneladas por ano de sedimento são depositadas dentro do canal, levando a um sistema de degradação”, assinala o relatório. O resultado reforça estudo de 2002 feito pela própria Codevasf, em associação com a Agência Nacional de Águas. Nele, de 73 trechos avaliados, 59 apresentaram assoreamento.

Pesquisadores e técnicos que fizeram o estudo que apontou a marca de 23 milhões de toneladas de sedimentos lançadas a cada ano no leito do Rio São Francisco – trabalho resultante de parceria entre o Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos e a Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) – propõem intervenções para conter o assoreamento e aumentar o volume do leito, visando também a garantir condições de navegação. Entre elas estão as sempre polêmicas obras de transposição de bacias.

Ilhas de sedimentos no meio do leito denunciam avanço do processo de assoreamento(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )


No caso, a bacia do São Francisco – que é “doadora de águas” em um projeto de transposição para o Nordeste cuja polêmica nem sequer foi encerrada, menos ainda as obras –, passaria a receber recursos hídricos de outros rios. Os projetos incluem o desvio de água do Rio São Marcos para o Rio Paracatu (por túnel), do Rio Paranaíba para o Paracatu e do Rio Grande (saindo do vertedouro da Usina de Furnas) diretamente para o Velho Chico.


O estudo também registra um quarto projeto que foi cogitado pela Codevasf “para desviar água da Bacia do Tocantins para a Bacia do São Francisco”, que “não foi considerado” no relatório final. O trabalho apresenta ainda a proposta de construção de cinco barragens em cursos d’água da bacia: três barramentos no Rio Paracatu, um no Rio das Velhas (município de Santo Hipólito, Região Central) e outro no Urucuia, como forma de aumentar a capacidade de armazenamento e de normalização do curso.

Mesmo em pontos onde o São Francisco parece caudaloso é possível caminhar bem longe das margens com água abaixo do joelho(foto: Alexandre Guzanshe/em/d.a press)


PREVISÃO SOMBRIA 

Mas, se transposição e barragens são apontados no estudo como possíveis saídas para o rio, para ambientalistas e professores o mesmo tipo de obra de engenharia agravou os problemas do manancial e ainda pode ser fatal para a bacia. Um dos estudiosos de cerrado no Brasil, Altair Sales Barbosa, professor aposentado da PUC de Goiás (PUC-GO), destaca que a transposição do São Francisco tende a acelerar o processo de assoreamento. “As consequências da transposição serão danosas e, em curto espaço de tempo, levarão à morte a maioria dos afluentes do São Francisco, incluindo o próprio rio. Isso acontecerá porque a dinâmica (das águas) será alterada e o transporte de sedimentos arenosos aumentará de forma assustadora. Um dos resultados será o assoreamento, já que a maioria dos afluentes do São Francisco corre por áreas cuja característica principal é a ocorrência de um arenito frouxo”, diz.


Associado ao desmatamento, esse quadro traz a ameaça de um futuro sombrio. Com solo frágil e a retirada da cobertura vegetal nativa, “o transporte da areia para o leito principal dos rios aumentou em mais de 60%”, estima Sales Barbosa. “Em termos ambientais, herdamos a possibilidade de viver um futuro incerto, com rios secos e a água potável cada vez mais difícil e cara”, adverte o professor. Para ele, os reservatórios (barragens) contribuem com o problema ao acumular grande quantidade de sedimentos, ficando cada vez mais rasos.

REPRESAS

O hidrólogo José do Patrocínio Tomaz Albuquerque, professor aposentado da Universidade Federal de Campina Grande, afirma que o soterramento do Velho Chico é um processo decorrente da “ocupação do espaço pelo homem com os chamados ciclos econômicos”, como o gado, a eletrificação e a irrigação. E acrescenta que as represas afetam de outra forma a questão do assoreamento.

O especialista destaca que o transporte natural dos sedimentos para o mar foi drasticamente reduzido, em parte devido à construção de barragens. “Nos períodos de enchentes, os sedimentos não conseguem atingir, em sua totalidade, o oceano. Isso ocorre por duas razões: uma natural, relacionada com a intensidade das chuvas máximas, que ocorrem cada vez menos; e a outra, artificial, resultante da ação humana, com a construção dos reservatórios de superfície, que regularizam, mas reduzem a vazão média natural do rio.” Isso resulta em menor capacidade de transporte de sedimentos e sua consequente deposição no leito, explica. Como soluções, além da recomposição da cobertura vegetal da bacia e da revitalização das nascentes e veredas, ele sugere “um controle severo da exploração das águas subterrâneas”.


O professor Apolo Heringer Lisboa, idealizador do projeto ambiental Manuelzão, ressalta que as origens do processo de soterramento do Rio São Francisco encontram-se em Minas Gerais e na Bahia, onde brotam 90% das águas da bacia. “Essas origens se encontram no modo humano de tratar o solo no seu processo econômico de produzir mercadorias. Os processos produtivos agrícolas, minerais, industriais e da construção civil liberam solo devido ao desmatamento e a escavações inerentes ao trabalho humano sobre a natureza, sem os devidos cuidados e conhecimentos que garantiriam a sustentabilidade ambiental.”




Evento marca os 516 anos do descobrimento do rio São Francisco

Ações acontecem na cidade de São Francisco e buscam alertar para a importância da preservação do rio da integração nacional.


Nesta quarta-feira (4) é comemorado os 516 anos do descobrimento do Rio São Francisco. Para lembrar a data, uma série de ações está sendo promovida na cidade que leva o mesmo nome do Rio no Norte de Minas. O objetivo é lembrar da importância de preservar o maior rio brasileiro.
O evento é organizado pela ONG Preservar, pelo campus da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e conta com o apoio de vários órgãos públicos e privados da cidade. Segundo o coordenador do campus na cidade, Roberto Mendes Pereira, a iniciativa busca ações práticas que possam ajudar a revitalizar o Rio da integração nacional.
“Muitas pessoas falam muito bem sobre preservação, mas poucas agem. Então, estamos promovendo esta comemoração como forma de alertar, de criar um plano de ação para unir todas as entidades que possam trabalhar em prol do Rio”, explica o professor, que também é presidente da ONG Preservar.
A comemoração terá início às 17h com um passeio de barco pelo Rio. “Iremos soltar foguetes e cantar parabéns para o São Francisco. Logo depois, às 18h, teremos a largada da Minimaratona do Velho Chico. A largada será na Praça dos Pescadores e, simultaneamente teremos o passeio de bicicleta. Mais tarde, às 19h, teremos apresentações culturais”.

Nível de água no Rio São Francisco alcançou a Praça da Matriz durante a enchente de 1979 (Foto: ONG Preservar/Acervo)


ONG Preservar

O professor explica que a ONG, parceira na realização do evento, atua em três campos de ação no município: acervo histórico, cultural e ambiental.
“Com informações colhidas aqui, em nosso acervo, estudantes já conseguiram fazer suas dissertações. No campo cultural, a ONG realiza ações que valorizem a região; para o ano que vem iremos trabalhar a culinária local. Na área ambiental, sempre fazemos ações que visem a preservação da natureza junto às escolas; no ano passado foram retirados mais de dois caminhões de lixo somente na orla do Rio”.


Rio São Francisco enfrenta a mais grave crise hídrica

Com 516 anos de exploração por parte das civilizações que ocuparam o Brasil há mais de cinco séculos, o rio São Francisco está passando pela mais severa crise hídrica contemporânea. Hoje, o Velho Chico chegou aos menores níveis de reserva, o que afeta diretamente milhões de pessoas que dependem das suas águas.
No dia do santo padroeiro do rio, celebrado hoje, a situação é crítica para as pessoas que dependem das suas águas para viver. Este é o caso do técnico em agropecuária José Cerqueira. Morador da margem de Sobradinho em Sento Sé, ele vê com tristeza a situação do rio, que já foi o grande provedor de uma imensa região. "Não conseguimos mais produzir nosso alimento e muitas famílias passam fome", disse, acrescentando que já chorou várias vezes, vendo a água diminuir a cada dia.
A escassez hídrica do rio será tema do IV Encontro dos Comitês Afluentes do Velho Chico, no Hotel Catussaba, em Salvador, amanhã e sexta-feira.

Salvação
Contudo, para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, ainda existe salvação, "desde que o programa de revitalização seja efetivamente tirado do papel e que todos, incluindo os órgãos públicos, os empreendedores da iniciativa privada e os usuários, se empenhem em cumprir o Plano de Recursos Hídricos da Bacia".
Capitaneado pelo CBHSF, esse plano foi concluído em 2016 e prevê ações até o ano de 2025, com valores estimados em R$ 35 bilhões. "A maior parte deste total é de recursos orçamentários, já previstos pela União e os estados", afirmou, destacando que, para evitar o colapso, devem ser canalizados para a bacia do São Francisco.
Outro ponto importante é a necessidade de aprovação da emenda constitucional classificando o cerrado e a caatinga como patrimônio nacional, como foi feito com a mata atlântica e a Amazônia. O fortalecimento dos comitês das bacias estaduais, a criação de sistemas de outorga confiáveis, a classificação dos rios e o estabelecimento da cobrança pelo uso das águas superficiais e as subterrâneas são, segundo ele, fundamentais.
Com recursos obtidos a partir da cobrança pelo uso da água na calha principal do rio, o CBHSF implementa projetos hidroambientais, sendo que 43 já foram concluídos e 14 estão em andamento. "Devemos estar preparados para extremos climáticos", concluiu.

Sobradinho 
Como reflexo da estiagem que se agrava desde 2012 na Bahia e em diversos outros estados da região Nordeste, a vazão defluente da barragem de Sobradinho vem sendo reduzida nos últimos anos aos níveis mais críticos da sua história. 
A crise hídrica deixou o lago de Sobradinho com 4,87% das águas do volume útil nos primeiros dias de outubro. Em 29 de setembro esse número era de 5,23%, com redução registrada dia a dia. Desde a semana passada, a sua vazão defluente passou para 580 m³/s, enquanto que a vazão de entrada no reservatório era de 290 m³/s. 
A redução da vazão para 550 m³/s estava autorizada pela Agência Nacional de Águas (ANA) desde o mês de julho. O Ibama, por sua vez, tinha consentido este patamar desde o mês de agosto. Essa é a menor vazão defluente desde a construção do reservatório de Sobradinho na década de 1970, planejado para gerar energia e regular a vazão das águas. 
Nesse período, a Chesf fez testes de adaptação ao longo dos trechos abaixo das barragens, reduzindo a vazão de forma gradativa para que os locais de captação fossem se adequando a menor volume de água no leito do rio.
A meta desejada com a redução da vazão defluente é preservar a pouca reserva existente, de modo que até a chegada das chuvas na região as barragens tenham água suficiente para abastecer a população ribeirinha e das cidades que dependem do Velho Chico. 


Sete cidades do Submédio SF assinam termos de compromisso para elaboração do PMSB

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) vai subsidiar a elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico de sete municípios da região do Submédio São Francisco. Na tarde desta terça-feira (03), foram assinados, os termos de compromisso das cidades beneficiadas (Lagoa Grande, Abaré, Chorrochó, Macururé , Floresta, Tacaratu, Rodelas e Glória). A solenidade aconteceu na Câmara de Vereadores da cidade pernambucana de Lagoa Grande, a 661 km de Recife.
As empresas responsáveis pela elaboração dos planos, Envex Enganharia e Key Consultoria, terão o prazo de 10 meses para apresentar o relatório final dos PMSBs, que compreende seis produtos. Para isso, será realizada a formação do grupo de trabalho, responsável por garantir a operacionalização do plano, além de reuniões periódicas de alinhamento, audiências públicas, mobilização social em eventos setoriais com debates, oficinas, reuniões, seminários e conferências.
Os municípios são de pequeno porte com idades entre 22 e 131 anos, e a variação populacional entre eles é de 7 a 30 mil habitantes aproximadamente. Durante o ato, os prefeitos e representantes das cidades se comprometeram mediante a assinatura dos termos a garantir o fornecimento às empresas contratadas de todos os documentos, mapas, bases de dados e informações disponíveis nas Prefeituras que sejam importantes para a elaboração do Plano.
Para o comerciante Francisco de Assis Ferreira, morador da cidade de Lagoa Grande, a elaboração do plano da cidade representa a esperança de melhorar a qualidade de vida da população. “Além de significar a melhoria da nossa vida retirando os esgotos da nossa porta e dando a destinação correta, a gente espera que as obras apontadas por esse estudo possam também significar um ganho para o rio São Francisco”.
O planejamento que tem o objetivo de apresentar o diagnóstico do saneamento básico nos municípios deve estabelecer ações viáveis e estruturantes para o abastecimento de água em quantidade e qualidade; esgotamento sanitário; coleta, tratamento e disposição final adequada dos resíduos e limpeza urbana; e drenagem das águas pluviais. O plano deve atender a perspectiva dos próximos 20 anos com revisão a cada 4 anos.
“Com o advento da Lei 11.445 todos os municípios devem ter o Plano de Saneamento Básico e desde 2014 têm essa obrigatoriedade para a captação de recursos. E enquanto Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, consideramos a elaboração e execução do plano algo importante e prioritário. Foram 22 projetos apresentados à Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco e estes são os sete municípios selecionados. Temos a consciência e queremos reforçar que esse passo vai contribuir para o desenvolvimento socioeconômico das cidades, e com o rio São Francisco principalmente, que hoje vive uma situação dramática e não pode mais esperar por ações de preservação”, afirmou o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Julianelli Tolentino.

Parabéns, Velho Chico!

O rio São Francisco comemora hoje 516 anos! “Descoberto” em 1501, na expedição do navegador Américo Vespúcio, no dia em que se comemora o dia do santo, o rio recebeu o nome de São Francisco. Carinhosamente apelidado de Velho Chico, o rio São Francisco, protagonista na vida de muitos brasileiros, resiste, imenso, generoso e potente, a toda destruição a que está exposto.
Enfrentando a maior crise hídrica de sua história, a situação do rio clama por uma reflexão. O que estamos fazendo com o Velho Chico? E o que podemos fazer por ele? Diante de uma escassez hídrica sem precedentes, é cada vez mais urgente pensar soluções para a sobrevivência do São Francisco.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) em seus 16 anos de existência realiza inúmeras ações visando a revitalização e preservação do Velho Chico. Para isso, executa projetos de recuperação hidroambiental através da proteção de nascentes, recarga de aquíferos, recomposição de vegetação, sobretudo ciliar, combate a processos de erosão e uma série de outras intervenções que fazem parte dos esforços para a revitalização do São Francisco e de seus afluentes.
Um dos mais importantes cursos d’água da América do Sul e do Brasil, o Velho Chico banha seis estados e 505 municípios. A população na região da bacia hidrográfica representa cerca de 10% do quantitativo nacional.

sábado, 7 de outubro de 2017

Agricultores seguem com canais clandestinos no rio São Francisco mesmo após multa e esperam acordo

Canais foram feitos em Casa Nova, na região norte da BA, para irrigação de plantações. Ibama disse, no entanto, que obras poderiam causar prejuízos ao meio ambiente.


Agricultores do município de Casa Nova, no norte da Bahia, que foram multados pelo Ibama após abrirem canais no Rio São Francisco sem licença ambiental para irrigar plantações permanecem utilizando os canais clandestinos e esperam um acordo para que não possam ter que pagar o valor definido pelo órgão.
As multas foram aplicadas em agosto a 20 agricultores -- cada um deles multados em R$ 50 mil -- após os canais serem abertos pela associação de produtores rurais da região. O Ibama disse, à época, que os canais abertos poderiam causar o assoreamento do leito, poluição e contaminação da água, e ainda provocar desperdício. O órgão, no entanto, não interditou os canais.
Os trabalhadores dizem que não tem intenção de prejudicar o meio ambiente, mas apenas de salvar as plantações diante da seca que atinge a região. "Eu não tenho condições de pagar essa multa. Estou com 53 anos de idade e nunca vi esse dinheiro na minha mão", disse uma mulher que trabalha na região.
A Agência Municipal do Meio Ambiente de Casa Nova informou que entrou com uma defesa administrativa para tentar converter a multa aplicada aos agricultores em algum tipo de prestação de serviço para compensação ambiental. O superintendente Isael Amaral afirma que aguarda uma audiência com o Ministério do Meio ambiente. "Esperamos essa audiência em Brasília para que, juntamente com o representante do município, o prefeito faça essa homologação do acordo", destacou.
Depois da ação do Ibama, os agricultores começaram a ser orientados pelos fiscais da agencia municipal do meio ambiente. "A gente vai precisar regulamentar esses canais. Os agricultores vão precisar levar até a Agência Municipal do Meio ambiente um projeto que informe o que vai acontecer com o meio ambiente", destacou o fiscal ambiental José Pedro de Oliveira.
Edmilson Torres é outro agricultor que foi multado e que diz não ter condições de realizar o pagamento. "A gente não tem intenção de dar prejuízo ao meio ambiente. Pelo contrário, a gente quer é preservar", destaca.

Fonte: https://g1.globo.com/bahia/noticia/agricultores-seguem-com-canais-clandestinos-no-rio-sao-francisco-mesmo-apos-multa-e-esperam-acordo.ghtml

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Reportagem mostra agonia do Velho Chico

A rede Record de Televisão exibiu neste domingo (1º de outubro) uma longa matéria, na qual retrata as dificuldades enfrentadas pelo rio São Francisco especialmente na sua foz. Durante mais de 15 minutos, pescadores, prefeitos da região, lideranças comunitárias e diversos ribeirinhos que viram o auge do chamado rio da integração nacional, relataram a dor que sentem ao constatar a intrusão salina na região na qual há o encontro do Velho Chico com o mar.
O repórter Michael Keller conseguiu captar barcos que chegam vazios após longos períodos de pesca. Conversou com moradores do município de Piaçabuçu, em Alagoas, e provou da água salgada, encontrada atualmente na foz. O São Francisco, nos seus mais de 2.800 quilômetros de extensão é um dos mais importantes do país.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, apresentou o que vem sendo feito pelo órgão colegiado em defesa do Velho Chico. Ele também apontou as possíveis soluções para minimizar os efeitos da alta salinidade registrada na região.
A matéria completa está disponível no link http://r7.com/e3LH

Chuvas começam em pequenas quantidades na bacia do São Francisco

O período úmido na bacia do rio São Francisco começa a ser monitorado a partir de agora, mas os registros ainda são incipientes, conforme dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). As informações foram transmitidas na manhã desta segunda-feira (2 de outubro), durante reunião promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA) para avaliar as condições hidrológicas na bacia do chamado rio da integração nacional.
De acordo com a avaliação hidrológica, a precipitação prevista para esta primeira semana de outubro ainda é de poucas chuvas na região do Alto São Francisco, considerada como sendo a região “produtora” de água para a bacia.
Diante do cenário, as previsões ainda permanecem de maneira restritiva. Com isso, a vazão praticada em Sobradinho, na Bahia, continua sendo de 580 metros cúbicos por segundo (m³/s) e de 550 m³/s em Xingó, entre Alagoas e Sergipe. A partir da segunda-feira da próxima semana, esse patamar será reduzido em Sobradinho para o mesmo nível de vazão em Xingó, ou seja, 550 m³/s.
Durante a reunião, a equipe técnica da Secretaria de Meio Ambiente de Sergipe e da companhia de abastecimento do Estado (Deso) confirmaram que até o final do mês o conjunto de bombas flutuantes começa a operar na captação para atendimento da população sergipana. A empresa de abastecimento comunicou, durante reuniões anteriores, a dificuldade em captar água para atender a população, devido à intrusão salina provocada pela baixa vazão do rio.
Diante da narrativa, o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, havia anunciado a disposição em contribuir com a Deso para a aquisição do conjunto de bombas. O esforço não foi necessário, pois a companhia conseguiu o empréstimo do equipamento junto ao governo do estado de São Paulo.
Durante a reunião, o diretor técnico da Peixe Vivo, agência de bacia do Comitê, Alberto Simon, anunciou a realização do próximo Encontro de Afluentes do São Francisco, marcado para quinta e sexta-feira próximos, em Salvador (BA). A reunião da ANA é realizada todas as segundas-feiras e transmitida por videoconferência para todos os estados inseridos na bacia do Velho Chico. A iniciativa atende a uma demanda apresentada pelo CBHSF e implementada pela agência federal.