quarta-feira, 3 de julho de 2024

Conheça os impactos que a transposição do rio São Francisco pode provocar no clima

Sem revitalização das águas, transposição pode contribuir para problemas ambientais no futuro, aponta especialista.

Mais de 20 milhões de brasileiros vivem em toda a Bacia Hidrográfica do São Francisco, maior rio do país que atualmente vive o processo final de transposição das suas águas, nomeado Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF). O projeto consiste em uma obra de R$ 14 bilhões do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) que tem como objetivo levar água para regiões secas e semiáridas do Nordeste.

A longo prazo, no entanto, a tentativa de ajuda pode se converter em problema. É o que alerta o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) Marcus Vinícius Polignano. “A transposição é um esforço de um rio que já está precisando ser revitalizado. Isso implica em mais perda de vitalidade e, quando há descuido do meio ambiente, consequentemente há o acúmulo de energias que podem gerar os efeitos cataclísmicos”, pontua.

Outro possível problema que pode ocorrer através da transposição é o uso da água transposta para a irrigação e não apenas para o consumo, o que possivelmente demandaria o desmatamento de áreas cobertas por vegetação e uso excessivo de água. Ambas as situações são capazes de gerar aumento da temperatura – contribuindo para o aquecimento global – e desabastecimento na região de funcionamento do sistema de irrigação.

O Rio São Francisco é responsável por 70% da água consumida no Nordeste. De acordo com o IBGE, a bacia São Franciscana percorre 609 municípios em diversos estados. O dado, contudo, difere do dado informado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), que aponta que o rio percorre 505 municípios em seis estados (Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe), além do Distrito Federal, de modo que sua bacia corresponde a 8% do território nacional e abriga três biomas: Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.

Diante da sua amplitude, os municípios cortados pelo Velho Chico são divididos em quatro regiões fisiográficas: Alto São Francisco, Médio São Francisco, Submédio São Francisco e Baixo São Francisco. Com a transposição, há a formação de dois eixos: o Eixo Norte, que leva água para cidades em Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte; e o Eixo Leste, que abastece as cidades de Pernambuco e Paraíba através de canais e sistemas de bombeamento.

Fonte: https://www.correio24horas.com.br/minha-bahia/conheca-os-impactos-que-a-transposicao-do-rio-sao-francisco-pode-provocar-no-clima-0524