A atual situação geoambiental da calha fluvial
do São Francisco expõe profundas transformações provocadas pela ação antrópica
ao longo dos últimos séculos comprometendo a qualidade ambiental. Essas
transformações da paisagem têm acarretado impactos ambientais no canal fluvial
e são descritos nesse estudo tais como, o desmatamento das suas margens, o uso
intenso das águas pelas gigantescas obras de engenharia, o crescimento e a
concentração populacional, superexploração dos solos por meio da especulação
imobiliária, aplicação de técnicas inapropriadas pelos grandes empreendimentos
voltados para o uso e ocupação do solo. Como estudo de caso, foi selecionado o
município de Petrolina-PE, localizado no extremo sudoeste do estado de
Pernambuco, na Mesorregião do Sertão do São Francisco, com população estimada
de 319.893 habitantes (IBGE, 2013), isso devido às intensas atividades
produtivas e a crescente demanda por espaço urbano, que expõem sérios problemas
de gestão dos resíduos domésticos, industriais e agropecuários, e a ausência de
infraestrutura de saneamento básico às margens do rio. Com isso, boa parte da
população convive com a deficiente infraestrutura em saneamento básico e
inconstante oferta de água potável. Uma realidade paradoxal na área de estudo é
a produção do espaço geográfico nas zonas urbana e rural às margens do rio,
onde são crescentes os empreendimentos imobiliários em forma de condomínios
horizontais, considerados como novos modelos de urbanização que vem surgindo
não somente em grandes metrópoles, mas disseminados em cidades pequenas e
médias de todo país. Há também a disseminação dos condomínios verticais
fechados, concentrados no espaço urbano da orla fluvial, também destinados à
classe média alta. Foi verificado também a implantação de empreendimentos
públicos, nas esferas federal, estadual e municipal, e outros empreendimentos
privados a exemplo de bares e restaurantes, estes em sua grande maioria na zona
urbana. As construtoras e o setor imobiliário especulativo além de não
demonstrar nenhuma preocupação com os impactos ambientais diretos (obras de
engenharia) e indiretos (lixo, sedimentos e esgoto) na calha fluvial fazem uso
dos informes publicitários e procuram atrair o consumidor se utilizando da
vista panorâmica e privilegiada do rio São Francisco. Essa transformação criou
também um acesso restrito ao rio tanto para os moradores dos condomínios quanto
dos demais empreendimentos, formando assim novas áreas nobres na cidade.
Portanto esses empreendimentos estão em situação irregular, isto é, em
desacordo com as Leis Federais e Municipais, principalmente ao destino final
dos efluentes sendo jogados direto no rio, prejudicando a qualidade ambiental
da região. A Dialética da Natureza é a proposta como método de estudo que
analisou essa complexa relação sociedade-natureza. Os levantamentos
bibliográficos e cartográficos de dados primários e secundários, materiais e
confecção de produtos cartográficos e trabalhos de campo foram os procedimentos
metodológicos para a observação e identificação dos impactos ambientais
presentes na margem do rio que expõe a situação geoambiental dessa importante
unidade da bacia hidrográfica do São Francisco. Nesse sentido, foram realizados
os seguintes diagnósticos: análises da água e do solo, vegetação, uso e ocupação
do solo. Os procedimentos de ensaio das características físicas, biológicas e
inorgânicas das amostras de água, coletadas em seis pontos estratégicos, foram
baseados no Standard Methods,
registrados por meio de quatorze parâmetros. Os procedimentos de ensaio das
amostras de solo foram baseados no método LQA-PT-015/APHA, método 3120, com o
objetivo de detectar a presença de metais pesados às margens do rio nos fundos
do único curtume da cidade. O diagnóstico da ação antrópica na área de estudo
estão registrados através de ilustrações fotográficas georeferenciadas e da
elaboração de mapas temáticos referentes à topografia, geomorfologia, clima,
distribuição da cobertura vegetal, uso, ocupação e evolução urbana.
Baixe o estudo completo no endereço: http://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/14239